Justiça arquiva investigação contra delegados acusados por delator do PCC
Segundo o MP, não foram encontradas provas de qualquer ilegalidade cometida por Fábio Pinheiro Lopes, ex-chefe do Deic, e Murilo Fonseca Roque

O juiz Leonardo Fernando de Souza Almeida arquivou inquérito contra dois delegados da Polícia Civil de São Paulo citados em delação do empresário Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro do ano passado. De acordo com apuração do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), não há nenhum indício de que Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, e Murilo Fonseca Roque tenham recebido propina por intermédio do advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves, que representava Gritzbach, para não promover investigações contra o delator.

Os delegados deixaram suas funções em dezembro do ano passado. Fabio Caipira comandava o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e foi para Divisão de Materiais Bélicos, enquanto Roque era titular do 24º Distrito Policial da Ponte Rasa. “Não verificada patente ilegalidade ou teratologia no ato, arquivem-se os autos, em relação aos investigados Fábio Pinheiro Lopes e Murilo Fonseca Roque, ressalvado o disposto no artigo 18, do CPP, em caso de superveniência de novas provas. Façam-se as devidas anotações”, registrou o magistrado Almeida em 11 de julho último.
Gritzbach, que em delação citou diversos policiais e integrantes da facção criminosa PCC em esquema criminoso, afirmou que os delegados e o deputado estadual Delegado Olim (PP), que é delegado licenciado, teriam recebido 4,2 milhões de reais por intermédio do seu advogado. Para o MP, no entanto, as ações de corrupção passiva e concussão não ocorreram. A investigação contra Olim também foi arquivada.
“Da análise da presente notícia de fato entende-se que é caso de arquivamento quanto aos policiais civis Murilo Fonseca Roque e Fábio Pinheiro Lopes, diante da ausência de justa causa para oferecimento de denúncia ou de elementos mínimos que autorizem a instauração de inquérito policial ou procedimento investigatório criminal, no âmbito do Ministério Público”, registraram os promotores do Gaeco, braço de investigação criminal do MP.

Em novembro, quando estava no Aeroporto de Guarulhos, Gritzbach foi morto com oito tiros de fuzil por vingança do PCC, segundo apurou a Polícia de São Paulo. Ao menos doze pessoas, entre policiais e supostos integrantes da facção criminosa viraram réus no caso. Gritzbach havia firmado acordo de delação premiada com o MP de São Paulo depois de manter relações com o crime organizado. Ao romper com o grupo, ele teria sido mandante do assassinato de Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em 2021. Para diminuir a pena, Gritzbach começou a delatar operações do bando criminoso, o que incluía participação de agentes públicos.

O advogado Ramsés Gonçalves negou em depoimento que tenha negociado ou entregue propina aos delegados. Ainda segundo a Promotoria, o advogado já foi processado por extorsão e estelionato. O MP encaminhou o caso para o DEIC para abertura de inquérito para investigar o advogado.