Kassab: PSD poderá apoiar qualquer nome da centro-direita contra Lula
Cacique indicou possíveis nomes que o partido apoiará, entre eles os governadores Ratinho Jr. (PR), Tarcísio de Freitas (SP) e Eduardo Leite (RS)

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou nesta terça-feira, 29, que a sua sigla deverá liderar a centro-direita em uma eventual disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e indicou que apoiará qualquer um dos nomes já colocados dentro do campo ideológico contra o petista.
Kassab defendeu recentemente a candidatura ao Planalto do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), um dos presidenciáveis ventilados para o ano que vem. Em evento em São Paulo, no entanto, fez acenos ainda mais fortes a uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) — com quem disse querer “dividir um projeto” — e sinalizou até mesmo a possibilidade de uma candidatura de Eduardo Leite (PSDB): o governador do Rio Grande do Sul tem sido cortejado por Kassab para migrar de legenda.
“Tudo leva a crer que a esquerda vai no primeiro turno com um candidato e chega no segundo. Esse candidato deverá ser o Lula. E se for o Lula, vai para o segundo turno mesmo”, disse Kassab durante evento promovido pelo Insper.
“Do outro lado, você tem a centro-direita, que se o Tarcísio for candidato, nenhum partido lançará candidato (…). Mas nós vamos levar para o segundo turno alguém em torno de 15%, porque a direita vai estar muito dividida, cinco, seis candidatos. E esse alguém vai ser um forte candidato no segundo turno, o que me leva a dizer que o futuro presidente da República ou será o Lula (…) ou o Tarcísio. Se o Tarcísio não sair, vai ser quem for para o segundo turno”, disse.
Segundo o cacique, a alternativa mais competitiva da centro-direita, na ausência de Tarcísio, seria Ratinho Jr. “Hoje eu acho que o Ratinho (…). Porque ele é eleito com voto do Sul, o Sul já é antipetista, e ele fica favorecido. E uma entrada boa em São Paulo se o Tarcísio não for. Então acredito que ele vai estar com chances”, afirmou. “Porque não dá para imaginar que o meu partido, o PSD, não vá apoiar o Ratinho, o [Ronaldo] Caiado, o [Romeu] Zema, o Tarcísio, o Eduardo Leite. Da mesma maneira, o Ciro Nogueira [presidente do PP], não vejo ele apoiando o Lula no segundo turno. E é uma eleição de segundo turno”, disse.
PSD e Tarcísio
Kassab disse, ainda, que o PSD é caracterizado hoje por ser uma legenda que não tem “preconceito” de conversar com “esquerda ou direita”. “Nós temos facilidade de diálogo e credibilidade, e fica mais fácil avançar”, declarou. O cacique também creditou a essa característica o sucesso da legenda nas eleições de 2024 — o PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos — e a sua consolidação como a principal sigla do “centro mediador”. “Sem criticar ninguém, cada partido sabe o que faz, mas nós estamos nos diferenciando, para que possamos nos identificar como centro ideológico, não centro fisiológico”, declarou.
Questionado sobre seus próprios planos para 2026, Kassab relembrou sua longa trajetória política — de vereador a ministro de Estado, passando por prefeito reeleito em São Paulo — e afirmou que, apesar de gostar da disputa eleitoral, pretende dedicar seus esforços ao “projeto de Tarcísio”. Com suas pretensões camaleônicas, o cacique é cotado ainda para disputar a vice em uma eventual chapa do governador de São Paulo — o que não rechaça.
“Estou num projeto, que é o projeto do Tarcísio. Não escondo isso de ninguém. O PT sabe disso, o PL sabe disso, o União sabe disso, o meu partido sabe disso (…). E o projeto que ele [Tarcísio] apontar, eu estarei. Ele, como governador muito bem avaliado, vai apontar o caminho, vai apontar a chapa. É evidente que meu partido vai integrar essa coligação”, afirmou.
Kassab, conhecido por fazer projeções certeiras, também ponderou que os fatores principais que levarão Tarcísio a ser ou não candidato à Presidência serão circunstâncias “alheias” ao campo partidário. Leal a Jair Bolsonaro, o governador tem dito que tem como ambição pessoal concorrer à reeleição no estado. No entanto, aliados admitem que, caso o ex-presidente decida, de fato, jogar a toalha e não pleitear as urnas, Tarcísio seria o nome escolhido para representá-lo — uma missão que não seria rejeitada pelo governador.