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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Lula: ‘Crime organizado é indústria maior que a Volkswagen e a Petrobras’

Em cerimônia de saída de Flávio Dino, presidente não responde a perguntas de jornalistas, mas anuncia intenção de 'jogar pesado' contra facções criminosas

Por Bruno Caniato Atualizado em 8 Maio 2024, 16h27 - Publicado em 31 jan 2024, 14h34

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o crime organizado se tornou uma indústria internacional e que o governo federal pretende “jogar pesado” no combate às facções criminosas. “É maior que a General Motors, que a Volkswagen, que a Petrobras, é uma coisa muito poderosa que está em tudo que é lugar no planeta”, declarou nesta quarta-feira, 31, durante evento que marcou a saída do ministro da Justiça, Flávio Dino, da pasta — o seu sucessor, Ricardo Lewandowski, toma posse na quinta-feira, 1º.

Segundo o petista, o enfrentamento com o crime organizado é um desafio global abordado, frequentemente, de maneira errada por nações mais desenvolvidas. “Muitas vezes um país rico, como os Estados Unidos, acha que combater a droga é colocar base militar na Amazônia ou na Colômbia. O problema não é a droga, é saber como o país vai cuidar dos seus usuários”, afirmou.

O presidente acrescentou que os maiores grupos do crime organizado têm ampla influência e disponibilidade de recursos, e que o caminho para o combate é investir em inteligência policial e investigações contra chefes da criminalidade. “Pegar essa gente é sempre mais complicado, de repente o cara que investiga vai estar diante do chefe dele”, disse.

No início do evento, Lula havia afirmado que não responderia às perguntas da imprensa e que os questionamentos deveriam ser direcionados somente a Dino. “Aviso com antecedência que as perguntas serão para ele (Dino) e somente ele responderá. Eu não vou responder, José Múcio não é ministro da Justiça e o Lewandowski só pode responder a partir de amanhã, quando ele for ministro da Justiça”, afirmou. Somente após o final da apresentação de Dino, quando o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, havia encerrado o evento, o presidente decidiu comentar brevemente (falou por pouco mais de cinco minutos) os planos do governo para a segurança pública.

“Humanização”

O presidente defendeu, ainda, a humanização do enfrentamento da violência praticada por jovens vulneráveis, por meio de ações de educação e apoio à família, e criticou autoridades que defendem ações policiais com brutalidade. “Todo mundo sabe que o político popular é aquele que grita ‘bandido bom é bandido morto'”, disse Lula, sem mencionar nomes.

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No mesmo evento, ao apresentar os resultados de sua gestão à frente do Ministério da Justiça, Flávio Dino reforçou que o foco das ações policiais deve ser a “descapitalização” de facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), e não em operações violentas nas periferias. “Combate ao crime organizado não é sair dando tiro a esmo, não é invadir bairros populares e fuzilar idosos, crianças e mulheres. Isso é alimentar o ódio”, afirmou.

Pressão sobre segurança pública

Pesquisas recentes indicam que a segurança pública tornou-se a área do governo Lula com pior percepção de resultados, sendo citada frequentemente como a maior preocupação atual dos brasileiros. Seis em cada dez brasileiros disseram ao Datafolha sentir medo de andar nas ruas. O mesmo instituto apontou em dezembro que 50% dos entrevistados consideravam ruim ou péssima a gestão Lula na segurança, enquanto 29% a avaliavam como regular e só 20%, como ótima ou boa.

O tema, que gera apreensão no governo federal, certamente estará entre as pautas centrais das eleições municipais de 2024 — reportagem de VEJA mostra que reverter a avaliação negativa do Planalto no combate à violência e às facções criminosas será um dos principais desafios de Lewandowski à frente do Ministério da Justiça.

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