Lula critica armamento do país após tiroteio com mortes em Novo Hamburgo
Presidente diz que há 'distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade' e que 'isso não pode ser normalizado'; atirador tinha quatro armas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o que chamou de “distribuição indiscriminada de armamentos” ao comentar o episódio em que um homem matou três pessoas, feriu outras dez e morreu, em circunstâncias ainda não esclarecidas, após troca de tiros com a Brigada Militar em Novo Hamburgo (RS), região metropolitana de Porto Alegre, na madrugada desta quarta-feira, 23. Em postagem na rede social X, Lula lembrou que o atirador tinha quatro armas registradas em seu nome. “Isso não pode ser normalizado”, afirmou.
“O trágico episódio ocorreu após denúncias de maus-tratos contra um casal de idosos na casa do atirador, que possuía quatro armas registradas em seu nome. Isso não pode ser normalizado: a distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade, com grande parte deles caindo nas mãos do crime, é inaceitável. Estendo minha solidariedade aos familiares das vítimas, incluindo a do policial militar Everton Kirsch Júnior, e a toda a comunidade afetada”, escreveu o presidente. A política de facilitação do acesso a armas de fogo para a população é uma das principais bandeiras do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi largamente implantada durante o seu governo. Ao assumir, Lula revogou vários dispositivos que facilitavam a expansão armamentista.
Tiroteio
Na madrugada desta quarta-feira, a Brigada Militar cercou o imóvel em Novo Hamburgo após denúncia de que um homem mantinha um casal de idosos em cárcere privado. Quando os agentes iniciaram a investigação, o homem identificado como Edson Fernando Crippa, de 45 anos, atirou contra os policiais.
O pai e o irmão do suspeito e um policial militar foram mortos. No tiroteio, outras dez pessoas ficaram feridas, entre elas a mãe de Edson e policiais civis, militares e da guarda municipal. Quando a Brigada Militar conseguiu entrar no imóvel, o suspeito estava morto.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, o atirador foi baleado por algum policial que participou da operação. Pelas redes sociais, a Brigada Militar informou que um desentendimento familiar teria sido a causa dos crimes.
Edson tinha registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Colacionador) e tinha registradas em seu nome duas pistolas e duas espingardas. Cerca de 300 munições foram encontradas no local do crime.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul vai investigar a origem do armamento utilizado pelo homem e se ele tinha posse (permissão para adquirir arma de fogo) ou porte (autorização para andar ou utilizar armas de fogo). Os investigadores também apuram como ele conseguiu registro das armas mesmo tendo diagnóstico de esquizofrenia.