Lula diz que a maioria dos deputados ‘pouco está ligando para o povo’
Em entrevista ao podcast 'Papo de Crente', presidente diz que é preciso olhar para mais pobres, caso contrário 'ricos ficarão com grande parte do Orçamento'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à atuação do Congresso Nacional e afirmou que “a maioria dos deputados pouco está ligando para o povo”.
As declarações foram dadas ao podcast Papo de Crente, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, em entrevista divulgada nesta sexta-feira, 19. A primeira-dama Janja da Silva também participou da gravação.
“Pega a Constituição e veja todos os direitos sociais. Não são regulamentados por quê? Porque a maioria dos deputados não são trabalhadores, não têm compromisso com os trabalhadores, são gente de classe média alta, que pouco está ligando para o povo. Essa é a verdade”, disse Lula.
A fala acontece poucos dias após o malabarismo feito pela base governista para conseguir aprovar a medida provisória (MP) do Setor Elétrico, que tem como objetivo zerar a conta de luz de famílias de baixa renda. Mesmo com a articulação, o governo sofreu ainda derrotas significativas no Legislativo, com a aprovação da PEC da Blindagem pela Câmara e a aprovação, também na Casa, da urgência do texto do projeto que garante anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.
Na entrevista ao Papo de Crente, Lula disse que a população pobre precisa saber que “a maioria [do país] é pobre, e não é possível imaginar que um rico vai fazer por eles o que é preciso fazer”. O presidente afirmou, ainda, que é preciso um “olhar carinhoso para os mais pobres” na condução do país, caso contrário, “os ricos ficarão com grande parte do Orçamento”.
O aceno a essa faixa da população se dá em um momento de alerta do governo para o projeto de reeleição de Lula em 2026, com atenção máxima para, por exemplo, o projeto que garante a isenção do Imposto de Renda para o trabalhador que recebe até 5.000 por mês. Também durante o podcast, o petista citou o programa Gás do Povo, lançado no início deste mês. A iniciativa prevê a entrega de botijão de gás gratuito para 15,5 milhões de famílias em todo o país.
Relação com evangélicos
Lula foi questionado por um dos entrevistadores, o pastor Marco Davi de Oliveira, sobre os rumores, durante a campanha de 2022, de que “fecharia igrejas”. O presidente riu e respondeu que gostaria de “restabelecer verdades” sobre a sua relação com o público evangélico como um todo.
“Não tenho o hábito de fazer política tentando dividir a sociedade por religião. Tento juntar todo o povo brasileiro, respeitando todas as religiões, e conversar com as pessoas sobre políticas públicas que o estado brasileiro tem que fazer”, declarou.
“Por isso que eu sempre disse que não gosto de ir numa igreja em época de campanha. Nem da católica, nem da evangélica, nenhuma igreja. Porque eu não acho que a gente deve usar o nome de Deus em vão, nem utilizar a religião eleitoralmente”, prosseguiu o presidente. Apesar da declaração, durante a campanha de 2022 Lula lançou, em aceno a essa fatia do eleitorado, a “Carta Compromisso com os Evangélicos”, com o apoio de pastores e lideranças de diferentes denominações.
A entrevistadora Eulália Lemos de Souza mencionou os encontros que Janja tem feito com mulheres evangélicas em várias partes do Brasil, ao qual a primeira-dama respondeu que a iniciativa, mais do que dialogar com o público evangélico, busca aproximar o governo da população mais pobre, das periferias.
“Foi conversando com algumas pessoas mais próximas que senti a necessidade da gente entender como que as políticas públicas do governo do presidente Lula têm afetado, têm atingido, têm chegado às mulheres, principalmente, das periferias, as mulheres negras. E aí a gente não tá nem falando de religião, a gente tá falando do impacto dessa políticas na vida das mulheres”, disse Janja.