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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Maia rebate declaração de Salles sobre Greenpeace: ‘Ilação desnecessária’

Ministro do Meio Ambiente insinuou, no Twitter, que a ONG pode ser um dos responsáveis pelo vazamento de óleo no Nordeste brasileiro

Por André Siqueira 24 out 2019, 19h20

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu uma estocada no ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, através do Twitter. O deputado rebateu a declaração de Salles, que havia insinuado horas antes, na mesma rede social, que a ONG ambientalista Greenpeace seria responsável pelo vazamento de óleo que atinge o Nordeste brasileiro.

“Tem umas coincidências na vida né”, ironizou o ministro. “Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas interncionais em frnete ao litoral brasileiro bem na época do derramento de óleo venezuelano”.

A embarcação do Greenpeace chegou na região dos Corais da Amazônia no começo de setembro deste ano com o objetivo de “expor as ameaças que as petrolíferas fazem ao local”. A imagem publicada por Salles é de fato de um navio do Greenpeace de nome Esperanza, mas foi tirada em 2017 durante uma missão no litoral da Espanha — não no litoral brasileiro.

Às 17h27 desta quinta-feira, Maia afirmou, em responsta ao tuíte do ministro, que esperava “uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente” sobre a declaração de Salles. Pouco tempo depois, às 17h57, Salles afirmou que “o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar”. Em sua tréplica, Maia disse que o tuíte de Salles fazia “uma ilação desnecessária”.

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Salles vem trocando farpas com o Greenpeace pelas redes sociais há quase uma semana. O ministro usou um vídeo editado, com um trecho original suprimido, para sugerir que a ONG não tem participado dos mutirões de limpeza. “O ministro mente e espalha falácias sobre a atuação de ONGs, como vimos nas queimadas na Amazônia, como forma de desviar a atenção da sua própria inação e incompetência”, respondeu o grupo.

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Pelas redes sociais, a ONG tenta manter um diálogo com o ministro, que a ignora. Segundo o Greenpeace, Salles bloqueou os ativistas no Twitter. O próprio ministro reiterou a ideia de estar fechado para diálogos com o grupo, compartilhando uma entrevista na qual ele afirma que não recebe “terrorista”, referindo-se explicitamente à organização.

Na quarta-feira 23, manifestantes do Greenpeace foram detidos pela Polícia Militar por protestarem em frente ao Palácio do Planalto contra a política ambiental do governo. Eles ficaram três horas na delegacia e foram liberados. Os ativistas levaram para o local um líquido que simulava o óleo que invade as praias, com o objetivo de retratar o derramamento do petróleo e cobrar ações efetivas do governo.

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Salles compartilhou um vídeo do manifestação em frente ao Planalto, nomeando os ativistas do Greenpeace de “ecoterroristas”. “Não bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público”, afirmou o ministro pelas redes sociais. Depois disso, ele compartilhou outra entrevista na qual afirma novamente que não recebe “terrorista”.

“Embora o ministro não vá ver nossa resposta, vamos responder sua pergunta sobre depredação de patrimônio público: O óleo que estamos usando na atividade é feito de maisena, água, óleo de amêndoas e corante líquido preto. Ao contrário do que está contaminando as praias do Nordeste, não é tóxico nem permanente e pode ser limpo com água e sabão”, respondeu a ONG pelas redes sociais.

Horas após o protesto, o Greenpeace publicou uma imagem do local da manifestação limpo. “Menos de cinco horas depois, o Planalto já está limpo. Viu como é fácil, Ricardo Salles? Seria lindo se o governo agisse com a mesma rapidez para retirar o óleo das praias do Nordeste”. A ONG afirmou que “ecoterrorismo” — apelido dado pelo ministro aos ativistas — “é deixar sujar a praia e não o chão”.

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