Mais de 400 brasileiros já foram deportados dos EUA sob novo governo Trump
Quarto voo de repatriação deixou cidadãos em Fortaleza e Belo Horizonte no sábado, 15

Ao menos 420 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos desde janeiro, quando Donald Trump assumiu pela segunda vez a Casa Branca. No último sábado, 15, o quarto voo de deportação chegou ao Brasil com 127 cidadãos repatriados a bordo.
O avião fretado pelo governo dos EUA pousou no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, transportando 97 homens e 30 mulheres, incluindo um adolescente, um idoso e nove crianças. Destes, 51 ficaram na capital cearense e outros 76 seguiram para o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, em uma aeronave da Força Aérea Brasileira.
Entre os deportados, há pessoas que foram presas tentando cruzar a fronteira entre EUA e México sem visto, e outras que já estavam no país governado por Trump de forma irregular e foram detidas pela polícia americana de imigração e fronteiras (ICE, na sigla em inglês). Recebidos no aeroporto por equipes do governo federal, os brasileiros relataram ter sofrido humilhação e angústia pelas autoridades migratórias.
Primeiro voo trouxe brasileiros algemados e gerou atritos diplomáticos
O primeiro voo de deportação sob o novo governo Trump chegou ao Brasil em 24 de janeiro, quatro dias após o republicano tomar posse em seu segundo mandato presidencial, trazendo 158 brasileiros. Ao aterrissar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, os passageiros revelaram que viajaram algemados dos EUA e que sofreram maus-tratos e assédio moral pelos agentes americanos.
A situação causou revolta entre autoridades do governo federal. No dia seguinte, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Justiça proibiu o uso de algemas e correntes para os deportados e determinou que a Polícia Federal e as Forças Armadas devem recepcionar os repatriados — o ministro Ricardo Lewandowski declarou que o tratamento configura “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”. Na mesma semana, o chanceler Mauro Vieira afirmou que os voos precisam cumprir “requisitos mínimos de dignidade e respeito aos direitos humanos”.
Além dos voos que chegaram em janeiro e no último sábado, outros dois aviões trazendo deportados chegaram ao Brasil em fevereiro: um no dia 7, com 111 pessoas a bordo, e outro no dia 21, com 94 passageiros repatriados. Ambas as aeronaves pousaram em Fortaleza.