Metanol do PCC pode ser responsável por mortes por intoxicação em SP
Autoridades já registram três casos fataisna Grande São Paulo e investigam outras dez situações

O metanol da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) pode estar por trás das três mortes registradas nos últimos 25 dias na Grande São Paulo, causadas por intoxicação após o consumo de bebidas alcoólicas. A suspeita é apontada por algumas autoridades e é reforçada em uma nota da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).
No texto, a entidade diz acreditar que o mesmo metanol utilizado para adulterar combustíveis ilegalmente pode ter sido repassado para fábricas de falsificação de bebidas, viabilizando uma forma de adulterá-las.
“Ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem, eventualmente, ter revendido tal metanol a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”, supõe a nota.
Os tanques fechados sobre os quais a associação fala fazem referência às operações policiais que detectaram postos de combustíveis que vendiam substâncias adulteradas com metanol acima do nível permitido e que possuíam relação com o PCC.
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A terceira morte por intoxicação após consumo de bebida alcoólica foi confirmada pela prefeitura de São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital paulista, nesta segunda-feira, 29. A vítima, um homem de 45 anos, morreu no domingo, 28, sob suspeita de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
A segunda morte também foi registrada em São Bernardo, mas no dia 14. A vítima era um homem de 58 anos. Já o primeiro caso fatal foi de um homem registrado na cidade de São Paulo. Ainda há mais dez em investigação na Grande São Paulo.
A intoxicação por metanol pode provocar a perda da visão — o que aconteceu com algumas vítimas.
A primeira recomendação técnica ao perceber qualquer um desses sintomas é o de não fazer testes caseiros, como cheirar e provar, mas suspender o consumo imediatamente e informar os órgãos responsáveis sobre a suspeita.
“O estabelecimento deve acionar o Disque-Intoxicação (0800 722 6001) da Anvisa para orientação clínica e toxicológica. Conforme a realidade local, recomenda-se notificar imediatamente a Vigilância Sanitária municipal ou estadual, a Polícia Civil (197), o Procon e, quando aplicável, o Ministério da Agricultura e Pecuária para rastreamento da cadeia”, diz uma nota do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Até o momento, não informações exatas sobre quais bebidas alcoólicas foram consumidas, os tipos e lotes, se é possível diferenciá-los dessa forma ou não. No entanto, as autoridades já apontam a necessidade da população e dos estabelecimentos ficarem atentos a possíveis sinais de adulteração das bebidas, como em rótulos e nos lacres. Confira aqui os principais sinais.