O partido Novo fez no sábado, 30, a sua convenção nacional na qual anunciou, entre outras coisas importantes, a mudança na identidade visual do partido, que agora incorporou a cor azul ao tradicional laranja, que identifica a legenda desde a sua fundação, em 2011.
Também houve o acréscimo do slogan “A gente respeita o Brasil”. O tom da convenção mostrou, ainda, que o partido afina o seu discurso para ampliá-lo para além da defesa do liberalismo econômico, a principal bandeira da sigla – ao que parece, pretende também incorporar temas ligados à pauta de costumes, uma forma de avançar em direção ao eleitorado de centro-direita e direita.
Mas teve uma outra mudança, também muito simbólica: o partido abandonou de novo um de seus princípios fundadores para anunciar a filiação do deputado federal cassado Deltan Dallaganol, que deixou o Podemos, partido pelo qual se elegeu em 2022;
A carta de princípios original da legenda proibia a aceitação em seus quadros de políticos que fossem “ficha-suja”, termo que pode ser aplicado a Deltan – ele teve a sua eleição cassada porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entendeu que ele usou de artifícios para burlar a Lei da Ficha Limpa (e, por isso, foi condenado com base nela).
Nas suas redes, o partido anunciou assim a filiação de Deltan: “Para que o país dos nossos sonhos se torne realidade, é preciso coragem para enfrentar o sistema. É preciso de gente correta, competente e unida, caminhando na mesma direção”.
https://twitter.com/partidonovo30/status/1708129841600487882
Como mostrou reportagem de VEJA de julho deste ano, a flexibilização de regras tem sido uma constante no Novo nos últimos tempos, com o partido abandonando vários de seus dogmas. O primeiro a cair foi o veto ao uso de dinheiro público. A sigla aprovou o uso dos rendimentos dos cerca de 100 milhões de reais do Fundo Partidário que acumulou em sua conta — o montante rende cerca de 1 milhão de reais por mês.
Agora, discute a utilização do Fundo Eleitoral nas disputas às prefeituras em 2024, vistas como decisivas ao futuro da agremiação. Já o processo seletivo passou a ser acompanhado de um processo mais voltado para a formação política de filiados. Os critérios para a abertura de diretórios municipais foram flexibilizados. Antes eram necessários 60.000 reais em arrecadação e 150 filiados — agora, só é preciso haver três dirigentes, uma lista mínima de nomes para disputar a eleição e capacidade para captar recursos. A sigla também aprovou a profissionalização dos dirigentes, com a remuneração de alguns.