“Nasce aqui hoje um projeto para liderar São Paulo, mas também para liderar um projeto nacional. Datena é o líder que o PSDB e o Brasil esperavam”, afirmou o deputado federal Aécio Neves no auditório lotado do hotel Novotel Jaraguá, no centro de São Paulo. A declaração do ex-presidente nacional do partido ocorreu na quinta-feira, 13, durante a cerimônia que lançou a pré-candidatura do apresentador José Luiz Datena à prefeitura da capital paulista.
No entanto, o ex-presidenciável tucano se esqueceu — ou fingiu não se lembrar — das duras críticas que já recebeu do jornalista, que chegou a defender publicamente a sua prisão, em 2017, por suspeita de corrupção. “Eu acho que o Aécio devia estar preso, as provas de que ele recebeu propina foram todas gravadas, foram quatro malas de quinhentos paus cada uma”, declarou Datena, ao vivo, durante o programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes. “Se o Aécio for preso, eu venho de cueca amanhã”, acrescentou o apresentador.
Na época, o senador e ex-governador mineiro era investigado pela Polícia Federal por receber propina da JBS, gigante brasileira do setor de carnes. O dono da JBS, Joesley Batista, entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a gravação em áudio de um encontro com Aécio Neves, ocorrido em março daquele ano, pedindo 2 milhões de reais para custear sua defesa das acusações no âmbito da Operação Lava-Jato.
O esquema de suborno envolveria, ainda, a jornalista Andrea Neves, irmã de Aécio; o ex-coordenador de campanha e primo de Aécio Frederico Pacheco; e o tucano Zezé Perrella, então colega de Aécio no Senado. Em 2022, a Justiça absolveu o ex-presidente nacional do PSDB das acusações de corrupção.
Datena será mesmo candidato?
A grande questão em torno de Datena é que, mesmo com o lançamento da sua pré-candidatura, há muita desconfiança sobre se ele fará ou não a sua estreia eleitoral — ele já aventou várias outras vezes a possibilidade (inclusive para a Presidência da República) e nunca a levou adiante. A data-limite para a definição será o dia 30 de junho, prazo final para apresentadores de programas de TV se desincompatibilizem de seus programas. Datena comanda o jornalístico Brasil Urgente, na Band, um dos principais programas da grade da emissora.
Como fica a disputa com Datena
A entrada de Datena na disputa pode ter o efeito de embolar um pouco o cenário em São Paulo neste período pré-eleitoral. Segundo levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas entre os dias 24 e 28 de maio, Datena teria 12,1% das intenções de voto e ficaria numericamente em terceiro lugar, empatado tecnicamente com Tabata Amaral PSB), que teria 9,1% — a margem de erro é de 2,6 pontos percentuais para mais ou para menos.
Nesse cenário, os líderes ainda seriam o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 28,1%, e o deputado Gulherme Boulos (PSOL), com 24,2%, ambos empatados tecnicamente. Num terceiro bloco, viriam Pablo Marçal (PRTB), com 5,1%; Kim Kataguiri (União), com 3,4%; e Marina Helena (Novo), com 3,2%.