O algoz de Dilma que deve ser o nome de Bolsonaro em Minas
Com desacerto entre o presidente e o governador mineiro, Romeu Zema, senador Carlos Viana se fortalece para representar bolsonarismo no estado
Os acenos do presidente Jair Bolsonaro (PL) em direção ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema, não foram correspondidos pelo mineiro e seu partido, o Novo, e ficaram remotas as chances de uma composição entre eles para um palanque no segundo maior colégio eleitoral do país, com 16,3 milhões de eleitores. Como mostra reportagem de VEJA desta semana, o distanciamento se agravou após uma reunião na semana passada, em Brasília, da qual Bolsonaro saiu decidido a investir em um candidato próprio no estado. Aliados do presidente dizem que ele tinha interesse na aliança, sobretudo diante da boa avaliação do governador, líder das pesquisas, mas não pode prescindir de um palanque mineiro confiável. Deste modo, Bolsonaro deve se dedicar a impulsionar a candidatura do senador Carlos Viana (PL) ao governo.
“Houve tentativas para unificar a direita em Minas Gerais, mas o governador não quis o apoio e temos intensificado as conversas por um palanque próprio. O presidente não pode ser coadjuvante em Minas”, disse Viana a VEJA. Já nesta sexta-feira, 15, ele e Bolsonaro estiveram juntos em Juiz de Fora (MG), onde o presidente participou de uma motociata e uma convenção evangélica. Com as bênçãos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entusiasta da candidatura do senador, Bolsonaro deve cumprir em breve mais agendas no estado. A próxima, ainda sem data definida, deve ser em Montes Claros (MG).
Apesar das inúmeras evidências do contrário, há no PL mineiro quem não descarte uma composição com Zema. Um deles é o vice-presidente da Câmara, deputado Lincoln Portela. “Questões mineiras geralmente são resolvidas mineiramente, penso que ainda levará um tempo para sabermos como ficará o quadro”, diz Portela, vice-presidente do PL em Minas.
Jornalista, Carlos Viana estreou na política na eleição de 2018, quando largou como azarão na disputa pelo Senado, então filiado ao PHS, e foi o segundo mais votado, com 3,5 milhões de votos, pouco atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), com 3,6 milhões. A vitória de Viana deixou a ver navios a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que manteve os direitos políticos após sofrer impeachment, em 2016, e era a favorita nas pesquisas de intenção de voto a uma das duas cadeiras de senador em jogo há quatro anos. A petista terminou a eleição em quarto lugar, com 2,7 milhões de votos.
Desde que foi eleito, Carlos Viana ainda passou por PSD e MDB até se filiar ao PL, em abril. Com mais quatro anos de mandato no Senado, logo se lançou como pré-candidato bolsonarista em Minas, ainda sem a certeza de que seria apoiado por Bolsonaro. Diante do desacerto entre o presidente e o governador, o senador do PL deve receber mais atenção do capitão, além de esperar os apoios de partidos como Republicanos, União Brasil e até o PP, que hoje caminha com Zema. A vaga ao Senado em sua chapa deve ficar com o deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) ou o deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC).
Em dois cenários testados pela mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada na semana passada, Carlos Viana marca tímidos 2% e 5% das intenções de voto – Romeu Zema tem 44% e 46% e o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), 26% e 29%. Quando identificado como candidato do presidente, contudo, Viana salta para 15% – número que mostra divisão do eleitorado conservador e dificulta a reeleição do governador em primeiro turno, como sonham seus aliados.