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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O buraco negro de informações sobre gastos com propaganda oficial

Falta de informações é de responsabilidade do órgão do governo encarregado justamente de compilar esse tipo de informação

Por Da Redação 29 jun 2022, 14h54

O governo Jair Bolsonaro tem publicado, neste ano, dados com lacunas de informação sobre o dinheiro gasto em peças de publicidade oficial. Diferentemente de anos anteriores, quando as informações eram atualizadas com regularidade em todas as categorias, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) não publicou nenhuma informação sobre propagandas veiculadas no cinema e em jornais. Também não há dados sobre peças exibidas na televisão no mês de fevereiro — e para os outros meses do ano, o patamar dos gastos é menor do que 25% do mesmo período em 2021, o que aponta para uma defasagem dos dados. O buraco negro de informações ocorre no momento em que o governo federal tem veiculado novas peças publicitárias, inclusive na TV, para divulgar realizações da gestão Bolsonaro como a distribuição de doses de vacina contra a covid-19, o Auxílio Brasil e a geração de empregos. As peças têm a palavra “esperança” como principal mote.

Questionada pela reportagem de VEJA, a Secom admitiu que houve veiculação de publicidade no cinema e em jornais em 2022, o que não consta nos dados publicados. O órgão disse que “os órgãos e entidades integrantes do Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo ainda estão dentro do prazo para informar as veiculações confirmadas de cada meio”. Segundo a secretaria, as informações só são disponibilizadas após os próprios veículos enviarem “documentos probatórios de veiculação, de faturamento, entre outros” às agências de publicidade contratadas pelo governo para administrar as campanhas. A Secom não respondeu sobre a falta de dados sobre publicidade na TV em fevereiro, enquanto há dados disponíveis de março a junho.

Globo e Record

Os dados disponíveis de publicidade oficial para 2022 mostram que emissoras do grupo Record receberam ao menos 5,8 milhões de reais no primeiro semestre, sem contar o mês de fevereiro. O Grupo Globo vem em segundo lugar, com um total de 1,9 milhão de reais, mas não há informações sobre peças veiculadas no mês de junho nas emissoras da Globo (enquanto na Record foram ao menos 2,5 milhões de reais neste mês).

A falta de informações impede a comparação com anos anteriores para determinar se o governo aumentou ou diminuiu o gasto em publicidade. No primeiro semestre do ano passado, o Grupo Globo havia recebido 52,1 milhões de reais em verbas de publicidade. A Record, que naquele ano ficou em segundo lugar como destinatária de verbas para emissoras de TV, havia recebido 51,1 milhões de reais. Ou seja, os dados divulgados para este semestre mostram um valor muito abaixo do que foi gasto no mesmo período de 2021 (a resposta oficial da Secom sugere que essa discrepância pode ser consequência do atraso da entrega de documentos pelos veículos).

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