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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O caminhoneiro que seria o elo entre acampamento no Exército e o governo

Lucas Rotilli Durllo teria trocado informações com general que era o número 2 na Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro

Por Valmar Hupsel Filho Atualizado em 20 nov 2024, 14h45 - Publicado em 20 nov 2024, 13h12

Em relatório no qual detalha o plano para manter Jair Bolsonaro no poder mesmo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022, a Polícia Federal citou a pressão de manifestantes que se concentravam em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, pela tomada de ações enérgicas dos militares para evitar a transferência de poder. O movimento tinha como “um dos líderes”, segundo a PF, o caminhoneiro Lucas Rotilli Durllo, que teria atuado como porta-voz junto a integrantes do governo bolsonarista.

Lucão, como é conhecido, aparece no relatório como interlocutor entre os manifestantes e o então general de brigada do Exército Mário Fernandes, que naquele momento era o número 2 da Secretaria-Geral da Presidência da República do governo Bolsonaro. Segundo a PF, Fernandes foi um dos principais artífices do plano golpista e teria visitado diversas vezes os manifestantes em frente ao QG do Exército logo após o resultado da eleição presidencial, entre novembro e dezembro de 2022. Foi dali que milhares de manifestantes seguiram para a praça dos Três Poderes para invadir e depredar o Palácio do Planalto, o Congresso e a sede do Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro de 2023.

Mário Fernandes é apontado no relatório como um dos mais radicais militares do entorno do governo Bolsonaro e responsável pela elaboração do plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes para consolidar o golpe de Estado. Segundo a PF, ele imprimiu o plano em uma impressora do Palácio do Planalto no dia 6 de dezembro.

No dia 8, Fernandes enviou mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, no qual ele sugere ter conversado com o então presidente e relata a preocupação de manifestantes com a demora para a consumação do golpe. Na mensagem, ele sugere que está em contato com “caminhoneiros e o pessoal do agro”.

“A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso pra ele, das duas uma, ou os movimentos de manifestação na rua, ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos e a gente perde o controle, né? Pode acontecer de tudo. Mas podem esmaecer também”, afirma o militar na mensagem. Em seguida, Fernandes pede a Cid para que Bolsonaro interceda junto ao Ministério da Justiça para evitar a apreensão de caminhões.

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“Estou tentando agir diretamente junto às Forças, mas, pô, se tu pudesse pedir para o presidente ou para o gabinete do presidente atuar. Pô, a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG. E hoje chegou para a gente que parece que existe um mandato (sic) de busca e apreensão do TSE, não, do Supremo, em relação aos caminhões que estão lá. Os caras não podem agir, é área militar, mas já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federal. Então isso seria importante, se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça para segurar a PF ou para a Defesa alertar o CMP”, afirma. Em seguida Cid responde: “Não, pode deixar, general. Vou conversar com o presidente”.

No dia seguinte, Fernandes pede para Cid repassar como o pronunciamento feito por Bolsonaro sobre o resultado da eleição, no qual ele transmite uma mensagem dúbia, sem reconhecer o resultado do pleito, repercutiu entre os manifestantes. “Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra ele. E vou te colocar aqui abaixo um texto que eu recebi do Lucão, que é o Duílio, que é um caminhoneiro famoso aí pra caramba, que tá lá no QG já há mais de 30 dias. E aí, porra, ele se emocionou, tava com a família aí, e assistiu hoje lá in loco, presencialmente, as palavras do presidente, cara. Olha aqui o texto abaixo que ele mandou. Se tu avaliar que é coerente, mostra pro presidente também, cara. Força!”

Trecho de mensagem enviada por Mário Fernandes a Mauro Cid
Trecho de mensagem enviada por Mário Fernandes a Mauro Cid (Polícia Federal/Reprodução)
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Lucas Rotilli Durllo não consta entre as centenas de indiciados nos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal por abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado. Em suas redes sociais, ele tem registradas mensagens de apoio ao golpe de 1964 e contrárias a Lula. Entre os meses de novembro e dezembro de 2022, publicou fotos com a movimentação de manifestantes vestidos de verde e amarelo.

Após a posse de Lula, registrou também a frustração com as Forças Armadas. Em 28 de março de 2023, 20 dias após a depredação na Praça dos Três Poderes, publicou uma foto do que seria uma lápide do Exército brasileiro com a legenda “Luto. Morreu por falta de coragem”. Lucas Rotilli Durllo foi contatado por VEJA via mensagem em rede social, mas ainda não se manifestou.

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