O encontro da militância do PT com o novo chefe da comunicação de Lula
Com o combate às fake news na pauta, cerca de mil parlamentares, dirigentes e outros filiados à sigla vão se reunir com Sidônio Palmeira, ministro da Secom

O novo chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto, Sidônio Palmeira, já tem data marcada para se reunir com a militância do PT. Segundo o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, a plenária virtual com parlamentares de todo o país, na quinta-feira, 23, vai reunir cerca de 1.000 pessoas entre senadores, deputados federais e estaduais, dirigentes estaduais e vereadores. Nesta quarta-feira, 22, integrantes do partido fazem um encontro prévio, em Brasília, para acertar os últimos detalhes.
“O que nós estamos fazendo agora é esses ajustes para ter uma linguagem única, uma ação coordenada”, disse Tatto em entrevista ao programa Ponto de Vista, da VEJA. “O Sidônio vai falar o que está pensando, e nós vamos dizer como que a gente pode ajudar”, completou.
A plenária virtual tem como tema “A estratégia de comunicação e enfrentamento a fake news”. Em nota, o PT diz que a discussão interna abordará “ações estratégicas e de mobilização para enfrentar os ataques e a disseminação de mentiras pela oposição nas redes sociais”.
Para a deputada federal Camila Jara (PT-MS), que vai participar da reunião, a discussão deve ir além de uma visão estritamente comunicacional das redes sociais para uma percepção de que é nas plataformas digitais onde atualmente ocorre o debate político.
“A gente precisa entender que as redes sociais, as plataformas digitais, o WhatsApp, se tornaram esse grande espaço de debate digital”, observou. “E se atentar para isso, que é uma forma de o governo também se aproximar das pessoas e conseguir captar as demandas. Muito mais que um problema de comunicação ou que o marqueteiro vai resolver, é um problema de entender o tempo em que a gente está inserido”, acrescentou.
A deputada de 29 anos diz que é de uma geração de políticos de esquerda que cresceu na internet. Segundo ela, a campanha digital de Dilma Rousseff, em 2016, muito inspirada na de Barack Obama, nos Estados Unidos, foi inspiradora e serviu como exemplo de comunicação on-line. No entanto, diante do imediatismo da sociedade cada vez mais digitalizada, o conceito já ficou ultrapassado.
“A gente tinha ainda o modelo tradicional de se comunicar, no qual o governo era um porta-voz e emissor do recado. Agora as pessoas querem falar. Muito mais do que só entender o que o governo quer falar, sobre o PAC, sobre o Pix, as pessoas querem opinar sobre esses programas e é através das redes sociais que elas vão opinar”, destacou.
Jara disse que o episódio do Pix, em que a discussão sobre a taxação das transações financeiras foi feita nas redes sociais, expõe um debate que já ocorre há tempos internamente no partido, mas ela vê uma dificuldade geracional da maioria dos líderes em compreenderem que não se trata mais de “comunicação digital”, mas sim de “democracia digital”. Na visão da parlamentar, a demora para essa atualização do partido se justifica pelo período em que os petistas tiveram de se defender dos ataques originados no impeachment de Dilma Rousseff e depois na Operação Lava-Jato e, só agora, têm a oportunidade de tomar um posicionamento menos reativo e mais propositivo.
Sidônio Palmeira, o principal convidado da plenária de comunicação do PT, foi o marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. À frente da Secom, ele já teve de lidar com uma das maiores encrencas comunicacionais do governo, que teve de recuar sobre uma nova regra de monitoramento do Pix devido à má repercussão nas redes sociais. Nesta semana, ele participou de uma reunião ministerial de sete horas, em que pregou a importância dos ministros estarem afinados sobre os feitos do governo e comunicá-los.