O que é ‘desafio do desodorante’, que causou morte de menina em Pernambuco
Segundo familiares, Brenda Sophia inalou aerossol motivada por 'tendência' nas redes; jogos do tipo são considerados distúrbio pela OMS

A morte da menina Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, por inalação de aerossol, reacende preocupações sobre o “desafio do desodorante” e tendências semelhantes nas redes sociais. A garota morreu devido a uma parada cardiorrespiratória no último domingo, 9, em Bom Jardim, município metropolitano de Recife — segundo familiares, ela queria participar da perigosa “brincadeira” na internet.
Segundo informações da Polícia Civil, Brenda foi socorrida e chegou ao Hospital Municipal Doutor Miguel Arraes por volta das 16h do domingo, mas não resistiu aos sintomas. A polícia classifica o caso como “morte a esclarecer” e aguarda o resultado dos laudos do Instituto Médico Legal (IML). Até a publicação desta reportagem, o resultado do exame não havia sido publicado.
O caso joga luz sobre “desafios” que viralizam nas redes sociais ao motivar usuários a tomar atitudes inconsequentes. Em setembro do ano passado, um menino de doze anos sofreu uma parada cardíaca na Inglaterra ao tentar participar da mesma “brincadeira” com desodorante — em 2018 e 2022, uma menina de sete anos de São Bernardo do Campo e um garoto de dez anos em Belo Horizonte foram vítimas fatais da mesma corrente cruel nas plataformas digitais.
O desafio do desodorante consiste, simplesmente, em incentivar usuários a inalar o spray pelo máximo de tempo possível. Outras versões da “brincadeira” incluem comer altas doses de canela em pó — o que também pode causar paradas respiratórias e danos ao fígado –, cobrir as vias aéreas com cola e até inserir uma camisinha no nariz para tentar retirá-la pela boca.
Desde 2019, os “jogos perigosos” (hazardous games, em inglês) são classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um distúrbio comportamental listada na Classificação Internacional de Doenças (CID). A prática, segundo a entidade, é caracterizada como “um padrão de jogatina online ou offline que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física” — a enfermidade engloba tanto os danos associados excesso de tempo gasto com a “brincadeira” quanto os prejuízos imediatos causados pelas regras do jogo.