Oruam, Hariel, Orochi, Cabelinho: o show de trap que deixou 2 mortos em PE

Era para ser apenas um festival de música trap com shows de Hariel, Oruam, MC Cabelinho e Orochi, mas se transformou em um caos com brigas e o assassinato de dois jovens de 21 e 24 anos. A Polícia Civil de Pernambuco investiga as circunstâncias das mortes de João Victor Nogueira da Silva e Dorival Francisco Luz Neto, que estavam na saída do No Flow Festival, em Olinda, e foram atingidos na cabeça por tiros. 

Informações preliminares indicam que a dupla estava trabalhando no local e, de madrugada, foi abordada por dois homens que estavam de carro. Os assassinos, então, teriam pedido para Silva e Neto ficarem de costas. No momento em que as vítimas obedeceram aos criminosos, os disparos ocorreram.

Nas redes sociais, diversas pessoas relataram confusões e brigas durante o festival. A produção do No Flow Festival afirmou, por meio de nota (leia íntegra abaixo), que “infelizmente um grupo isolado protagonizou cenas de violência e desordem que não refletem o espírito do evento. Ressaltamos que o caso envolvendo disparo de arma de fogo ocorreu fora do evento, em área pública, e envolveu pessoas que não estavam participando da festa”, diz trecho do documento.  

“Lei anti-Oruam”

Todos os trappers que se apresentaram no festival são bastante conhecidos e mobilizam milhões em suas redes sociais e plataformas de straming, mas o mais polêmico deles é Oruam. Filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP — preso desde 1996 por tráfico e homicídio e apontado como um dos líderes máximos da facção criminosa Comando Vermelho –, o artista de 24 anos se tornou alvo de uma ofensiva legislativa conservadora pelo país, conhecida como “leis anti-Oruam”, com o objetivo de proibir shows e exibições de músicas com temáticas de sexo, drogas e violência.

Além de defender a liberdade do pai, com discursos nos shows e uso de camisetas alusivas a Marcinho VP, Oruam acumulou outras polêmicas recentes, como ter sido preso duas vezes em fevereiro deste ano, uma delas por abrigar um traficante foragido — a outra foi por manobras perigosas com carro em via pública.

Defensores do polêmico trapper dizem que a ofensiva conservadora contra Oruam é, na verdade, uma manifestação de preconceito contra determinados estilos de música, como trap, funk e rap.

Leia íntegra da nota do No Flow Festival

A produção do No Flow Festival lamenta profundamente os incidentes registrados na reta final do evento realizado em Recife. Durante toda a noite, proporcionamos ao público uma experiência musical de alto nível, com estrutura e organização que já são marcas registradas do festival em outras cidades, como Maceió/AL e Natal/RN.

Infelizmente, um grupo isolado protagonizou cenas de violência e desordem que não refletem o espírito do evento. Ressaltamos que o caso envolvendo disparo de arma de fogo ocorreu fora do evento, em área pública, e envolveu pessoas que não estavam participando da festa. Reforçamos que todas as medidas de segurança foram devidamente adotadas, com equipe privada licenciada, revista pessoal nos acessos e monitoramento constante em toda a área do festival.

Em relação aos vídeos que circulam nas redes sociais, informamos que já iniciamos a apuração dos fatos junto à empresa de segurança responsável, e as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Nos solidarizamos com todos os afetados e seguimos à disposição para esclarecer dúvidas e oferecer todo o suporte necessário. 

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