Nos últimos dois dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a intensa agenda de compromissos no Nordeste para anunciar uma série de investimentos do governo federal que busca agradar, simultaneamente, seu eleitorado mais fiel e diversos setores das Forças Armadas.
Nesta sexta-feira, 19, Lula encerrou a turnê por três estados com o anúncio de um novo campus do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em Fortaleza. A obra, anunciada ao lado dos principais aliados do presidente no Ceará — o governador Elmano de Freitas e o ministro da Educação e ex-governador cearense, Camilo Santana, ambos do PT — contará com repasse de 115 milhões de reais em recursos federais e tem previsão de conclusão em 2027. O instituto é um dos orgulhos do Comando da Aeronáutica, a quem é subordinado.
Mais cedo, o petista esteve em Pernambuco para presenciar a cerimônia de troca do comandante militar do Nordeste, em Recife. Também na capital pernambucana, acompanhado do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, Lula anunciou a construção da nova Escola de Sargentos do Exército — o complexo militar deve formar mais de 2.000 alunos em dezesseis cursos de especialização. Na véspera, o presidente passou por Ipojuca, no litoral do estado, onde compareceu ao evento de retomada das obras bilionárias da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras.
Centro tecnológico em Salvador
Antes de seguir para Pernambuco e depois ao Ceará, Lula visitou a Bahia na última quinta-feira, 18, para formalizar a criação do Parque Tecnológico Aeroespacial em Salvador. O investimento de cerca de 1 bilhão e 300 milhões de reais foi anunciado com presença do vice-governador do estado, Geraldo Júnior (MDB), candidato apoiado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) à prefeitura da capital baiana.
Além de sinalizar uma política de apaziguamento entre Planalto e Forças Armadas — cujas relações foram desgastadas ao longo do governo de Jair Bolsonaro e mais estremecidas pela participação de militares nos atentados de 8 de janeiro –, a agenda de Lula cumpre o papel de fortalecer as candidaturas municipais de aliados do governo e abrir caminho para a possibilidade de reeleição do próprio presidente. Não por acaso, o petista viajou acompanhado de ministros de origem nordestina – a comitiva presidencial teve presença dos pernambucanos Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), além do próprio José Múcio, e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, natural da Bahia.