Os bens bloqueados de Maluf para pagar dívida de R$ 417 milhões
Justiça localiza terrenos, galpões comerciais e fazendas em nome do ex-prefeito; ação popular que motivou penhora é de 1993

O ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf, hoje com 93 anos, sofreu uma derrota na Justiça ao ter quase vinte imóveis seus penhorados, a pedido da prefeitura, para pagar uma dívida de mais de 417 milhões de reais. A decisão foi assinada pelo juiz da 3ª Vara de Fazenda Pública da capital paulista, Fausto José Martins Seabra.
A lista de bens bloqueados tem 19 imóveis, mas um está repetido. As propriedades estão espalhadas por quatro cidades: Itapecerica da Serra, Santos, Guarujá e São Paulo. Há alguns terrenos e fazendas, mas a maior parte dos bens são imóveis comerciais — alguns, inclusive, em regiões bastante valorizadas.
A Justiça encontrou, por exemplo, cinco barracões comerciais contínuos na Rua Augusta e um prédio comercial na Rua Xavier de Toledo, próximo à estação de metrô Anhangabaú, na República. Também há um prédio na Rua Florêncio de Abreu, região próxima da 25 de Março, rua de maior comércio popular do país. Há também três imóveis em Itaquera (zona leste), na Avenida Jacu-Pêssego.
A defesa de Maluf tem direito de impugnar a penhora. O ex-prefeito não é o único dono de vários deles e, tendo em vista outras dívidas que ele tem, podem existir outras penhoras sobre esses mesmos bens. Por isso, o caminho até um leilão judicial desses imóveis penhorados é bem longo, e pode nem chegar a esse momento.
Fora da vida política há anos, Maluf tem uma longa lista de pendências com a Justiça. Em 2017, ele foi condenado a sete anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro entre os anos de 1993 e 1996, período em que foi prefeito de São Paulo. Maluf conseguiu autorização para cumprir essa pena em regime domiciliar e, em 2022, obteve liberdade condicional. O ex-prefeito teve outra condenação, de dois anos, por caixa dois na campanha.
O caso em que houve a penhora dos bens nesta semana é uma ação popular que começou em 1993, movida pelo ex-vereador Mauricio Faria Pinto. Na época, ele alegou que Maluf estava incorporando às atividades da prefeitura o trevo de quatro folhas, que foi símbolo da sua campanha em 1992.