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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Os trunfos de Doria em SP para tentar a Presidência — e os seus tropeços

O tucano tem uma lista extensa de pontos positivos de sua gestão, mas também possui telhados de vidro

Por Da Redação Atualizado em 1 abr 2022, 15h00 - Publicado em 1 abr 2022, 10h08

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vai renunciar ao cargo até sábado 2, para disputar a eleição presidencial, conta com alguns trunfos importantes para o salto político que pretende dar na eleição para a Presidência.

O principal, claro, é o empenho que dedicou à vacinação contra a Covid-19, a ponto de se tornar, em um momento-chave do combate à pandemia, o principal contraponto à teimosia negacionista do presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi com o incentivo de Doria que o Instituto Butantan tocou a parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, que levou à produção no Brasil da vacina CoronaVac, a primeira a ser usada na imunização contra a doença no país. Também deixa como legado a construção de uma fábrica de vacinas do Butantan. Além disso, o governo trabalhou de maneira firme pela vacinação no estado, que alcançou uma taxa de 91% de imunização completa, acima da média brasileira, que é de 85%.

“São Paulo se saiu bastante bem na pandemia, ativou rapidamente um comitê de crise”, afirma Ana Maria Malik, médica e professora do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da FGV. Ela também destacou o papel central do Butantan, que fez a disponibilidade de vacina para os paulistas ser mais rápida e mais adequada, e a transformação do instituto central do Hospital das Clínicas da USP, que permitiu que médicos e parceiros privados da instituição aprendessem mais rapidamente sobre a doença.

Mas não foi só. Doria também mostrou boa capacidade para gerenciar a questão econômica no estado que é o principal motor produtivo do Brasil – concentra quase um terço de tudo o que é fabricado no país.

Também conseguiu sanear as contas do estado, saindo de um déficit orçamentário de 10% no primeiro ano de governo para um superávit de 41,9 bilhões de reais em 2022, o que permitiu a ele e a seu sucessor, Rodrigo Garcia (PSDB), tocar o maior pacote de obras da história de São Paulo, com mais de 8.000 projetos – o que é ouro em um ano eleitoral. Além disso, tem o que mostrar em uma área sensível ao eleitorado como a segurança pública, e tem no cardápio intervenções urbanas importantes, como a despoluição do Rio Pinheiro.

Mas o tucano também tem os seus telhados de vidro. Um dos principais é o fato de não ter conseguido cumprir promessas importantes feitas na eleição, o que é um passivo relevante para quem vai entrar numa nova disputa eleitoral.

Veja, abaixo, os prós e os contras que Doria leva de sua gestão:

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OS TRUNFOS DE DORIA

O que o governador poderá mostrar na campanha

Combate à pandemia

Além de ter sido o pioneiro na vacinação contra a Covid-19 no país, o estado já imunizou 91% da população com ao menos duas doses ou dose única, taxa superior à do país (85%). Doria também viabilizou, com investimento privado, a fábrica de vacinas do Butantan, que vai produzir 100 milhões de doses por ano da CoronaVac e de outros imunizantes.

Crescimento econômico

Nos últimos três anos, o crescimento do PIB paulista superou o do país. No ano passado, a expansão foi de 6,2%, ante 4,3% da taxa nacional.

Atração de investimentos

Abriu escritórios comerciais em Xangai, Munique, Nova York e Dubai e contabilizou 22% a mais de investimentos estrangeiros no primeiro triênio do mandato em relação aos três anos anteriores.

Contas no azul

A receita do estado em 2022 será de 286,7 bilhões de reais, um recorde histórico. O superávit no ano foi de 41,9 bilhões de reais – em 2019, quando assumiu, o déficit era de 10 bilhões de reais.

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Mais tempo na escola

O governo ampliou de 364 para 2.050 o número de escolas com ensino integral. A expectativa é a inclusão de 100 novas unidades ainda este ano e outras 850 a partir de 2023.

Violência em queda

A implantação de câmeras nos uniformes da PM reduziu em 30% a letalidade policial no ano passado – ela vinha em alta desde 2018. A taxa de homicídios caiu 8% e a de roubos recuou 14% desde o início do governo, acompanhando uma tendência de queda dos últimos anos.

Rio despoluído

O governo anunciou que despoluiu mais da metade do Rio Pinheiros e que está dentro das metas de limpeza em 85% dos pontos de medição. Foram feitas mais de 500.000 conexões à rede de esgoto de imóveis da região (97% da meta).

Canteiro de obras

O estado vai investir neste ano 54 bilhões de reais em cerca de 8.000 obras de infraestrutura urbana, como novas rodovias, estradas vicinais e concessões de aeroportos. É o maior valor destinado a investimentos na história do orçamento de São Paulo.

Programas sociais

O governo criou o Bolsa do Povo, o maior programa de transferência de renda da história do estado, com 2 milhões de pessoas beneficiadas. Também distribuiu o vale-gás para 427.000 famílias e criou 28 novas unidades do restaurante popular Bom Prato.

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Mais museus

Reabriu o Museu da Língua Portuguesa, que estava fechado desde 2015 após um incêndio, e prepara a reabertura para este ano do Museu do Ipiranga, que está sem visitação desde 2013, por problemas na estrutura. Além disso, ampliou o Museu da Diversidade Sexual e anunciou a construção de dois novos espaços: o Museu das Favelas e o Museu das Culturas Indígenas.

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TELHADOS DE VIDRO

Os pontos fracos da gestão de Doria

Transportes

Vários projetos anunciados por Doria não saíram do papel, como a ponte Santos-Guarujá, o Ferroanel Norte e a conclusão das obras do Rodoanel. Ele também prometeu privatizar as balsas do litoral e a hidrovia Tietê-Paraná, mas isso não ocorreu.

Lentidão no metrô

Doria prometeu concluir as obras que estavam em andamento e levar o sistema até o ABC, mas isso não ocorrerá no atual governo. Em uma delas, a da Linha 6-Laranja, uma cratera se abriu na Marginal Tietê em fevereiro deste ano, criando uma imagem ruim para o governo.

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Rede de saúde

Apesar do bom desempenho contra a Covid-19, o governo falhou em outras promessas, como construir quinze unidades da Rede Hebe Camargo para tratamento de câncer (nenhuma foi construída) e transformar UBSs em hospitais essenciais (o projeto foi abandonado).

Moradia popular

Doria prometeu construir 140.000 unidades habitacionais em quatro anos, mas até agora menos da metade (65.000) foi entregue.

Creches

O governo prometeu construir 1.200 novas creches, inclusive em estações de trem e metrô, mas entregou apenas 170 e tem outras 100 em construção.

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