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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Partido Novo, que recusa verba pública, agora vê sumir o dinheiro privado

Em 2018, contribuição voluntária de apoiadores respondia por 89% da receita da legenda -- em 2021, chegou a zero

Por Diogo Magri Atualizado em 6 mar 2022, 19h15 - Publicado em 6 mar 2022, 14h53

O partido Novo nasceu com algumas diretrizes que prometiam ir na contramão do que dita a tradicional política brasileira. Um dos mais valiosos entre eles é a economia do dinheiro público. Até hoje, a legenda impõe que seus mandatários economizem no mínimo 50% de todas as verbas a que têm direito, não usa o Fundo Eleitoral em suas campanhas e aplica o dinheiro que recebe do Fundo Partidário no Banco do Brasil, enquanto tenta devolvê-lo aos cofres da União.

No entanto, para não depender do financiamento público, o Novo precisa das doações privadas. E, dado os documentos apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido enfrenta dificuldades para arrecadar dinheiro dentro dos seus princípios.

Em 2018, a legenda declarou uma receita de 15,2 milhões de reais, dos quais 13,5 milhões de reais — ou 88,8% —  vieram de contribuições de pessoas físicas ou jurídicas. Três anos depois, essa fonte secou. Na prestação de contas de 2021, o Novo declarou não ter recebido sequer um centavo de contribuição privada.

A situação preocupa pelo pressuposto de que o partido deveria depender do apoio voluntário do seu eleitor. O sumiço de apoiadores financeiros coincide com a evasão de filiados pelo partido: o número foi de 49 mil em 2019 para 31 mil em janeiro de 2022, uma perda de mais de 30% em três anos.

Em entrevista exclusiva a VEJA, o ex-candidato à Presidência da República pelo partido, João Amoêdo, disse que os números acendem um sinal amarelo. “Sempre nos mantivemos por doação e filiados. A medida que perde filiados, enfraquece a instituição e perde receita. O meu receio é que sustentar o partido fique inviável do ponto de vista financeiro e, nessa situação, alguém abra o precedente para usar o Fundo Eleitoral, indo contra as diretrizes do Novo”, afirmou o empresário. “Hoje eu percebo que é muito difícil fazer política do jeito que queríamos”, acrescentou. 

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Amoêdo, atualmente, não participa diretamente da gestão da legenda. Ele acabou escanteado após decidir não se pré-candidatar a presidente pela legenda por não contar com o apoio da ala bolsonarista da sigla. No ambiente interno, é considerado um adversário do atual presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro.

O partido diz, via assessoria, que os dados disponibilizados no site do TSE não estão atualizados. Segundo as contas do Novo, foram recebidos 7,2 milhões de reais em contribuições privadas durante 2021, o que mantém o caixa atual em 12,1 milhões de reais. “É no mínimo impróprio comparar as arrecadações do partido em um ano eleitoral, 2018, com um ano não eleitoral, 2021, visto que, em anos eleitorais, as doações costumam ser maiores e mais frequentes”, acrescenta Ribeiro.

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