A Polícia Federal localizou nesta quarta-feira, 15, remanescentes humanos na área de buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips. Os dois estavam desaparecidos desde o dia 5 na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e pela Polícia Federal. “Acabo de ser informado pela PF que remanescentes humanos foram encontrados no local onde estavam sendo feitas as escavações. Eles serão submetidos à perícia”, escreveu o ministro.
A Polícia Federal afirmou que foram feitas escavações em um local indicado pelos suspeitos, e os remanescentes encontrados serão encaminhados para identificação nesta quinta-feira. A corporação disse ainda que novas prisões podem acontecer a qualquer momento. Duas pessoas estão presas por suspeita de participação no assassinato. O pescador Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, foi detido no dia 7. O irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, foi preso nesta terça-feira, 14.
Segundo a PF, Pelado confessou o crime na noite de terça e se comprometeu a levar os policiais ao local onde enterrou os corpos. A polícia ainda tenta comprovar as circunstâncias e a motivação do crime, mas o pescador alega que eles foram mortos a tiros.
Os policiais já haviam localizado uma mochila e outros itens pessoais na área de buscas. Vestígios de material genético humano também foram encontrados no local. A embarcação utilizada por Dom e Bruno foi afundada com sacos de terra. O superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, disse que não teria sido possível encontrar as partes remanescentes dos corpos sem a confissão.
Três quilômetros mata adentro
Os restos mortais foram encontrados em um local de difícil acesso dentro da selva, mais de três quilômetros mata adentro. Segundo Fontes, a área era acessível apenas com embarcações de pequeno porte, e foi necessário uma viagem de 1h30 ao longo do rio e outros 25 minutos dentro da floresta para chegar ao ponto onde eles foram encontrados. As escavações devem continuar pelos próximos dias. O material coletado ainda deve passar por perícia para confirmar se são compatíveis com o DNA das duas vítimas, e então devolvido para as famílias.
A confissão de Pelado ainda levou a PF ao local onde provavelmente foi escondido o barco em que viajavam Pereira e Phillips. O suspeito disse que afundou a embarcação na água com sacos plásticos cheios de terra. As autoridades já têm a provável localização do barco, mas só devem por retirá-lo da água na quinta-feira.
Dom trabalhava para o jornal inglês The Guardian e vivia no Brasil desde 2007. Bruno trabalhou como servidor na Fundação Nacional do Índio (Funai) e coordenava a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). A região era alvo de violência e invasões frequentes de garimpeiros, pescadores e madeireiros.
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