PF investiga desvios milionários de verbas do SUS em três estados
Suspeita é que investigados usariam organizações de interesse público como laranjas para fraudar licitações públicas
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira, 23, uma operação que investiga desvios milionários de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema de corrupção envolve empresas suspeitas de atuarem como laranjas para captar verbas que seriam repassadas pelo governo federal aos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
De acordo com a PF, os investigados utilizavam Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) — empresas privadas que realizam ações sociais em parceria com governos — para fraude e lavagem de dinheiro em licitações da área de saúde. A operação realizada hoje, batizada de “Moto-perpétuo”, mira cerca de 14 milhões de reais em desvio de verbas, mas o valor pode chegar a mais de 70 milhões de reais apenas no Paraná, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU).
Ao todo, agentes da PF e da Receita Federal cumprem treze mandados de busca e apreensão nas cidades de Curitiba, São Paulo e Balneário Camboriú. A Justiça autorizou o sequestro de dez imóveis nos três municípios, além da apreensão de veículos de luxo e o bloqueio de cotas sociais de empresas suspeitas de participação no esquema. Os investigados podem responder por organização criminosa, associação criminosa e lavagem de dinheiro, somando penas de até 18 anos de prisão.
Ainda de acordo com a polícia, um dos imóveis na mira da operação, avaliado em mais de 10 milhões de reais, está registrado em nome de uma empresa laranja cujo sócio foi beneficiado pelo auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19. Considerando a soma de apartamentos, carros, cotas de companhias e dinheiro, os valores de ativos apreendidos nas ações de hoje ultrapassam 30 milhões de reais.
O número de investigados pelo esquema de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro, bem como o nome dos proprietários das empresas fantasmas, está sob sigilo e não foi informado pela Polícia Federal.