Por anistia, Bolsonaro ‘apadrinha’ ida de família de condenado a Brasília
Ex-presidente tem intensificado campanha por projeto que prevê perdão a condenados pelo 8/1 e que também pode livrá-lo da inelegibilidade

Em campanha pela anistia de quem participou dos atos de 8 de janeiro de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta segunda-feira 10, que a esposa de um dos condenados, o empresário Ezequiel Ferreira Lins, vai a Brasília com os seis filhos do casal para pressionar pela inocentação dos presos e pediu que “todos colaborem nessa visita”. Vanessa Ferreira Lins deverá ir até a Câmara e reunir-se com parlamentares aliados de Bolsonaro. O giro também inclui contato com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA). “Busca-se uma anistia humanitária para seu marido e aos condenados sem o devido processo legal”, disse Bolsonaro.
Ezequiel foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 17 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e está foragido, possivelmente fora do país. Em visita à família em Ji-Paraná, em Rondônia, no ano passado, Bolsonaro disse que o empresário não estava “preso ainda”, “por esse mundão afora”. Na ocasião, o ex-presidente gravou um vídeo com as seis crianças, as quais chamou de “órfãos de pais vivos”, e criticou o STF. “Uma grande injustiça foi feita pelo Supremo Tribunal Federal contra o Ezequiel e contra centenas de pessoas”, disse.
Aceno
O movimento pela anistia aos presos pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, pauta recorrente no entorno bolsonarista, tem ganhado tração nas últimas semanas. Logo após assumir a presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) prometeu “imparcialidade” na tramitação do projeto que versa sobre o tema na Casa e chegou a declarar que, ao seu ver, o episódio não foi uma tentativa de golpe de Estado — os gestos foram comemorados pelo próprio Bolsonaro.
Na última semana, o ex-presidente comemorou o aceno feito por Hugo Motta ao PL da Anistia. O parlamentar disse que vai colocar o assunto em discussão na reunião de líderes e, se a maioria deles concordar, a proposta vai começar a andar na Casa. O projeto prevê o perdão a condenados por invadir e depredar as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, mas contém dispositivos que também livrariam Bolsonaro da inelegibilidade imposta por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).