Por que professores afirmam que uma questão do Enem deve ser anulada
Não há gabarito correto para uma pergunta da prova de física aplicada no último domingo
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado nos dois últimos finais de semanas, deve ter uma questão anulada, segundo a análise de professores. Trata-se de um problema clássico das provas pré-vestibulares de física, em que o aluno deve calcular a potência de uma cafeteira elétrica e comparar com a potência total que pode ser fornecida. Neste caso, porém, o enunciado apresenta uma potência total menor do que a necessária para o funcionamento do eletrodoméstico, o que impossibilita uma resposta correta.
“De acordo com o enunciado, se você calcula a energia que precisa, chega a 168.000, mas se você calcula usando a potência e o tempo, dá 126.000. Como é que dá menor do que aquilo que você precisa?”, explicou o professor de física Lucas Costa, do Estratégia Vestibulares. “A questão da cafeteira elétrica tem um problema de formulação e está errada, não tem gabarito”, concluiu Henrique Goulart, que dá aulas no mesmo curso preparatório.
A questão, que deve ser anulada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão organizador do Enem, foi aplicada no domingo 10 e constava na prova amarela do teste de Ciências da Natureza.
O gabarito oficial, de acordo com o edital, será divulgado no dia 20 de novembro, mas em entrevista coletiva, após o encerramento da prova, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a publicação do resultado das questões deve ser antecipado para esta semana.
Queda na abstenção
A aplicação do Enem neste ano conseguiu alcançar um de seus objetivos: reduzir a lacuna de comparecimento de alunos, intensificada no período da pandemia de covid-19. De acordo com o Inep, 69,4% dos estudantes inscritos fizeram a segunda etapa do exame no fim de semana passado. Isso significa que 4,3 milhões de pessoas prestaram o exame. A prova de domingo teve a abstenção de 30,6%, a menor desde 2022.
Em 2023, 71% dos inscritos fizeram a prova, o que representa 3,9 milhões de estudantes, e a abstenção foi de 32%. No ano anterior, 31% dos alunos cadastrados não compareceram ao local da prova.