Ao que tudo indica, o presidente Lula fará a nomeação do novo Ministro da Justiça nos próximos dias. Salvo alguma enorme surpresa de última hora, a pasta deve ser assumida por um destes três nomes: Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF, Marco Aurélio de Carvalho, advogado, coordenador do grupo Prerrogativas e um dos membros do “Conselhão” do governo, e Ricardo Cappelli, Secretário-executivo da Justiça e homem de confiança de Flávio Dino.
Lula vem mantendo mistério sobre a indicação, mas tem dito a pessoas próximas que deseja alguém capaz de reunir as qualidades de Flávio Dino e de Márcio Thomaz Bastos, que foi ministro da Justiça ao longo do primeiro mandato presidencial do petista e durante três meses do segundo. Assim, para Lula, o escolhido para assumir a pasta precisa ser tão combativo quanto Dino, mas com a capacidade conciliadora de Bastos. No momento em que o Brasil enfrenta uma grave crise de segurança, o presidente quer um ministro capaz de propor políticas públicas interministeriais para a área e aumentar o espaço de diálogo com a sociedade civil.
Caso a decisão de Lula se guie mesmo por esse perfil, os nomes de Lewandowski e Carvalho se encaixam melhor no figurino. Expoente do garantismo jurídico, o ex-ministro saiu do STF aplaudido por colegas e políticos. Já o advogado do Prerrogativas, militante petista desde a adolescência, amealhou nas últimas semanas uma impressionante rede de apoios, que inclui alas importantes do partido, caciques de outras legendas, como o MDB, representantes graúdos do meio jurídico e uma série de movimentos sociais.
Nome que menos se encaixaria no perfil pretendido por Lula, Cappelli enfrenta forte rejeição de parcelas do PT, que atribuem a ele parte da responsabilidade por trazer para o colo do governo federal os problemas de segurança, sendo que grande parte deles são da alçada dos executivos estaduais. Pesquisas apontaram que a crise de segurança foi uma das razões que levaram à queda da popularidade de Lula nos últimos meses.
Apesar da oposição do PT à sua indicação, Cappelli continua trabalhando forte para tentar se viabilizar no Ministério da Justiça, tendo como principal cabo-eleitoral o ex-chefe Dino. Uma estratégia envolve aumentar o grau de exposição pública para divulgar ações de combate à criminalidade no país. Nos bastidores, Cappelli tenta também aumentar a aproximação com o presidente e a primeira-dama, Janja.