Quase metade do Congresso avalia mal o governo Lula, diz pesquisa
Levantamento do Ranking dos Políticos indica divisão em pautas como isenção do Imposto de Renda e anistia aos presos pelo 8 de janeiro

A crise de popularidade entre eleitores que vem pressionando o governo federal se estende, também, aos parlamentares eleitos. No Congresso Nacional, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é avaliada como “ruim” ou “péssima” por 49% dos deputados federais e 46% dos senadores, segundo pesquisa realizada em fevereiro e divulgada pelo Ranking dos Políticos.
Segundo a pesquisa, 28% dos parlamentares da Câmara dos Deputados avaliam a atuação geral do governo Lula como “boa” ou “ótima”, enquanto 22,7% a consideram “regular”. No Senado, esses índices chegam, respectivamente, a 31% e 23%. Os números praticamente não variaram em relação ao levantamento realizado em julho de 2024.
Quando o assunto é a relação específica entre o Planalto e o Congresso, a avaliação de Lula piora. Questionados sobre o tema, 64,5% dos deputados e 54% dos senadores classificaram o diálogo entre Executivo e Legislativo como “ruim” ou “péssimo” — desde junho de 2023, a percepção negativa na Câmara subiu mais de 13 pontos percentuais.
Haddad tem mais apelo no Senado do que na Câmara
Sobre a gestão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há divergências mais claras entre senadores e deputados. Na Câmara, o trabalho do petista é considerado “bom” ou “ótimo” por 30% dos parlamentares, e “ruim” ou “péssimo” por 46,4% — o cenário se inverte no Senado, onde o titular da economia é bem avaliado por 46,2% e malvisto por 34,6% dos legisladores.
O diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos Arruda, aponta que a popularidade de Haddad vem caindo nos últimos anos — na Câmara, em particular, a avaliação positiva do ministro despencou 16 pontos percentuais desde setembro de 2023, enquanto a rejeição disparou quase 18 pontos no mesmo período. “O desgaste se deve, em grande parte, à crise do Pix, aos memes do ‘Taxad’ e a uma sucessão de ruídos de comunicação do governo”, avalia.
Uma das pautas divisivas no Congresso, de acordo com o levantamento, é o projeto de lei para isentar do Imposto de Renda os trabalhadores que ganham até 5.000 reais por mês, atrelado a uma elevação de taxas sobre os mais ricos. A proposta tem o apoio de 50% dos senadores entrevistados e é rejeitada por 34,6%, ao passo que 49,1% dos deputados federais são favoráveis à ideia e 45,4% rejeitam o plano.
Outro tema que gera divergência no Legislativo é a proposta de anistia aos presos por participação nos atentados violentos de 8 de janeiro de 2023. A pauta, segundo a pesquisa, é defendida por 50% dos deputados e 46% dos senadores e rechaçada, respectivamente, por 42% e 38% dos parlamentares.
O Ranking dos Políticos entrevistou 110 deputados federais de 18 partidos e 26 senadores de 11 partidos, conforme critérios de proporcionalidade partidária, entre os dias 11 e 12 de fevereiro de 2025.