Seis desaparecidos: quem é quem no mistério sobre cobrança de dívida no PR
Caso tem três cobradores, um contratante do serviço de cobrança e dois devedores desaparecidos; polícia trabalha com hipótese de assassinatos e fuga
O caso dos três amigos que viajaram de São Paulo para o Paraná para cobrar uma dívida de 255 mil reais e desapareceram tem repercutido desde o início de agosto. Além dos três, também estão desaparecidos o contratante dos serviços e os dois principais suspeitos de terem sido responsáveis pelos desaparecimentos.
Os três amigos teriam sido contratados para fazer a cobrança do valor referente à venda de um terreno rural de Icaraíma, no noroeste paranaense, por um homem que mora na cidade. O caso é tratado pela polícia como um possível homicídio, e os devedores estão foragidos.
Confira abaixo quem é quem na história.
Contratante:
- Alencar Gonçalves de Souza
Pequeno produtor rural de 36 anos e descrito por sua família como um homem pacato. Ele é o mais novo de três irmãos e é casado há alguns anos. Ele morava com a mulher e o pai, um homem de 67 anos, em uma propriedade rural, e trabalhava com cercas e gado.
A família diz não ter tido conhecimento de que ele havia contratado três jagunços para fazer a cobrança da dívida de 255 mil reais que a família Buscariollo tinha com ele, pela compra de um terreno há dois anos.
Cobradores:
- Diego Henrique Afonso
Diego teria entre 36 e 39 anos e morava em Olímpia, cidade do noroeste do estado de São Paulo. Assim como os amigos, ele trabalhava há treze anos irregularmente como cobrador de dívidas, com métodos considerados persuasivos e violentos.
Ainda não há informações suficientes sobre a vida pessoal dele.
- Robishley Hirnani de Oliveira
Vendedor de 53 anos, ele era casado há dez anos e tinha dois filhos, uma menina de sete anos e um bebê de sete meses. Dos três cobradores, Robishley foi o primeiro a desacreditar que a dívida dos Buscariollo seria paga a Alencar.
De acordo com a mulher, ele viajava muito para fazer as cobranças, que ela não aprovava, por sentir medo. Além da atividade de cobrador de dívidas, ele também trabalhava como vendedor: “De carros, caminhões, motos, casa, sítio, qualquer coisa”, relatou a mulher para um veículo de imprensa. “Eu tento proibir ele, mas a gente não segura ninguém. Essa não é a fonte de renda [principal] dele, a gente não precisava disso”, completou.
Pouco depois de chegar a Icaraíma, Robishley mandou uma mensagem de áudio para a mulher relatando um estado de saúde ruim, com dores, e afirmando achar que a cobrança da dívida não surtiria efeito. “Passei muito mal, estou mal, dói muito o rim. Pior é que não vai virar nada aqui”, disse ele à esposa, Denise Cristiane Pereira. A mensagem foi o último contato dele com a mulher.
- Rafael Juliano Marascalchi
Aos 43 anos, Rafael é casado, pai e avô. Ele vivia da renda de alguns imóveis: duas casas e uma chácara. Ele era mais próximo de Robishley e já havia feito algumas cobranças de dívidas com ele anteriormente como forma de receber dinheiro extra. Foi, inclusive, Robishley quem o convidou para participar da cobrança em Icaraíma.
Foi ele quem usou o celular para fazer uma selfie do trio enquanto estavam no carro a caminho do Paraná.
Suspeitos foragidos:
- Antônio Buscariollo
Conhecido em Icaraíma como Tonhão Buscariollo, o produtor rural de 66 anos já havia tentado ser vereador da cidade duas vezes, em 2020 (quando foi conseguiu ser suplente) e em 2024 (não eleito). Nas duas ocasiões, ele declarou à Justiça Eleitoral que era aposentado e que possuía patrimônio de mais de 100 mil reais — na primeira eleição, citou uma chácara e um carro; na segunda, dois terrenos e um veículo.
Os perfis dele nas redes sociais apontam que ele trabalha para um empresa chamada Pesqueiro Buscariollo, mas não há informações sobre essa empresa em suas declarações à Justiça Eleitoral.
Ele teria comprado um terreno rural de Alencar por 255 mil reais, mas não estava pagando as parcelas como havia combinado. Ele negou para a polícia que tivesse contraído a dívida e acusou parentes da sua família pelo débito, mas a versão não foi confirmada e as pessoas indicadas não foram encontradas pelas autoridades.
Ele morava em uma propriedade rural com a mulher e o filho mais velho de outro casamento, Paulo Ricardo Buscariollo.
- Paulo Ricardo Costa Buscariollo
Filho mais velho de Tonhão, Paulo Ricardo tem 22 anos e também trabalhava como produtor rural. Ele foi responsável pela maior doação individual de campanha da candidatura do pai em 2024, no valor de R$ 1.052.
Ele teria sido o responsável pela compra propriamente dita do terreno de Alencar.