Com apenas uma vaga por estado em disputa em 2022, as eleições para o Senado já movimentam os bastidores dos partidos, o que permite projetar algumas disputas que vão dar o que falar no próximo ano.
Uma delas pode colocar na mesma corrida o ex-jogador Romário (PL) os generais Hamilton Mourão (PRTB) e Eduardo Pazuello (sem partido) e o ex-prefeito carioca Marcelo Crivella (Republicanos). Todos competindo na mesma raia ideológica, a centro-direita e a direita bolsonarista.
Outro confronto que interessante seria entre o ex-presidente da CPI da Pandemia e ex-governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio, que no momento é o azarão na disputa das prévias do PSDB pela candidatura presidencial.
Em São Paulo, a disputa também será apertada. Além do candidato da esquerda, que ninguém ainda pode dizer quem é – Aloizio Mercadante (PT), Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL) já foram ou são cogitados –, à direita o embate deve reunir o apresentador José Luiz Datena (que irá filiar-se ao PSD) e Janaina Paschoal, que em 2018 se tornou a deputada estadual mais votada da história do país – ela está de saída do PSL.
No Mato Grosso do Sul, pode haver um embate entre as duas principais lideranças políticas femininas do estado: a atual senadora Simone Tebet (MDB), que tenta se viabilizar como candidata a presidente, mas pode disputar a reeleição; e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM).
Na Bahia, o atual senador Otto Alencar (PSD), um dos destaques da CPI da Pandemia, verá o seu mandato chegar ao fim e, se quiser permanecer no Senado, terá que disputar a reeleição. O problema é que o favorito à vaga é um aliado seu, o atual governador Rui Costa (PT). Nesse caso, pode ser que Alencar componha com o candidato a governador pelo PT, Jaques Wagner, hoje seu companheiro no Senado.
Missão difícil para tentar a reeleição também terá o senador Dário Berger (MDB) em Santa Catarina, estado onde já foi prefeito da capital Florianópolis. Ele pode ter que enfrentar nada menos que o empresário mais popular na direita brasileira, o dono da Havan, Luciano Hang, que tem sido estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro a tentar o Senado.
Em Alagoas, a disputa também será acirrada. O favorito é o atual governador Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros, mas ele terá que conquistar a vaga diante do ex-presidente Fernando Collor (Pros), que vai tentar a reeleição com o apoio de Bolsonaro.
Negociações
Outros estados podem ter uma saia-justa, como no Paraná, onde Alvaro Dias (Podemos) terá que tentar a reeleição se quiser continuar no Senado. O problema é que o seu aliado, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, recém-filiado ao mesmo partido, pode tentar a mesma vaga caso não consiga viabilizar a sua candidatura à Presidência. Nesse caso, os dois teriam que negociar quem tentaria a vaga ao Senado, mas não deverá ser difícil um acordo.
Outro lugar onde provavelmente haverá uma saída negociada será no Ceará, onde o senador Tasso Jereissati precisa renovar a sua vaga. Ele tem dito, no entanto, que pode não disputar a reeleição. Se mudar de ideia, terá pela frente o seu aliado, o governador Camilo Santana (PT), que é bem avaliado pela população.
O Senado tem 81 vagas, e 27 delas serão renovadas em 2022. A eleição é considerada estratégica pelos principais candidatos a presidente, incluindo Bolsonaro, que vê na disputa eleitoral uma chance de melhorar a sua situação na Casa, onde tem pouco apoio.