Os oficiais de Justiça do Supremo Tribunal Federal (STF) estão suando para conseguir notificar oficialmente a deputada Iracema Portella (PP-PI) a respeito de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ela. Apresentada em 6 de junho, a acusação diz que a deputada, ex-mulher do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP e cacique-mór do Centrão, recebeu cerca de 160.000 reais em um suposto esquema de “rachadinha”, apropriação de parte do salário de um funcionário fantasma do gabinete de um ex-deputado distrital, Cristiano Araújo (PSD), entre 2017 e 2018.
Mais de um mês depois, Iracema ainda não foi notificada sobre a denúncia. Em uma certidão à Corte, um oficial de Justiça informa que, no dia 26 de junho, um colega enviou um e-mail à conta oficial da deputada com a notificação, mas acabou identificando que a mensagem foi apagada sem sequer ter sido lida (veja abaixo).
Na semana seguinte, um assessor da parlamentar demorou quatro dias para retornar o contato e agendar uma data para que Iracema Portella fosse notificada. Ficou combinado com o chefe de gabinete da deputada que ela receberia o oficial de Justiça na quinta-feira passada, 9, às 16h. Chegando à casa da parlamentar, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, no entanto, o servidor foi atendido por um funcionário dela, que lhe respondeu que Iracema não estava na capital.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende a deputada, diz que se trata de um “mal-entendido”. Segundo Kakay, Iracema Portella não apagou, pelo menos intencionalmente, o e-mail, mas que tem o costume de eliminar mensagens quando “não tem noção do que seja”. O advogado afirma que ela não estava em Brasília na data combinada por ter viajado a São Paulo e ainda não voltado. Ainda conforme Kakay, o chefe de gabinete dela está combinando a notificação para a próxima terça-feira. Depois de notificada, sua defesa terá 15 dias para apresentar resposta à denúncia. A deputada nega as acusações da PGR.