‘Tribunal do crime’ pode ter matado suspeito de assassinar aluna da USP
Tese é investigada pela polícia; homem foi encontrado morto perto de sua casa em Paraisópolis após sua identidade ser revelada

A Polícia Civil de São Paulo investiga se Esteliano José Madureira, suspeito de assassinar a estudante Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, foi morto por um “tribunal” do crime organizado. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira, 24, em coletiva de imprensa.
O corpo de Esteliano foi encontrado ontem na Avenida Morumbi, nos fundos de um endereço na região de Paraisópolis, com cortes profundos de faca. No dia anterior, a identidade do suspeito, conhecido na região como “Mineiro”, havia sido divulgada pela polícia.

Segundo os delegados Rogério Thomaz e Alexandre Menechini, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Esteliano tinha 43 anos e trabalhava montando barracas para camelôs nos arredores do metrô Corinthians-Itaquera, na zona leste de São Paulo. A polícia diz que ele era usuário de drogas, conhecido pelos vendedores locais, e tinha ficha criminal por roubo.
O corpo de Esteliano, porém, foi encontrado na zona sul, a cerca de trezentos metros de distância de sua própria casa, na favela de Paraisópolis. O local fica distante mais de trinta quilômetros da Avenida Sport Club Corinthians, em Itaquera, onde ele teria sequestrado e matado Bruna. Não foram encontradas drogas, armas ou outros objetos suspeitos na residência do suspeito.
Sobre a possibilidade de que ele tenha sido morto por vingança de familiares ou amigos de Bruna, ou sofrido linchamento na comunidade, os delegados afirmam que “nenhuma hipótese está descartada no momento”.
Suspeito foi identificado por testemunhas com auxílio de IA
Na última terça-feira, 22, a polícia divulgou a identidade de Esteliano como suspeito de matar Bruna na noite do dia 13 de abril, nas redondezas da Neo Química Arena, estádio do Corinthians, que fica perto do terminal de metrô Itaquera. A jovem, que cursava mestrado em História na USP, havia visitado o namorado na zona oeste da capital e estava voltando para sua casa, na zona leste, onde vivia com seu pai e um filho de sete anos.
Uma câmera de segurança na Avenida Sport Club Corinthians registrou, às 22h21 do último dia 13, o momento em que o suspeito agarra Bruna na calçada e a puxa para fora do campo de visão do vídeo. Segundo a polícia, ele teria puxado a cientista para um terreno vazio nas proximidades através de um buraco no muro.
De acordo com os investigadores, a análise de diversas câmeras de segurança permitiram reconstruir o caminho que o homem fez desde que saiu das proximidades de um posto de saúde em Itaquera até o momento do crime. A perícia aprimorou o rosto do suspeito com uso de inteligência artificial e, a partir das roupas, depoimentos de testemunhas e da cronologia dos vídeos, confirmou a identidade de Esteliano.
O corpo de Bruna Oliveira foi encontrado nos fundos de um estacionamento em Itaquera, a cerca de dois quilômetros do local do sequestro. A vítima estava seminua e, segundo a polícia, apresentava indícios de agressão — ainda não foi divulgado o laudo que investiga se ela sofreu abuso sexual.