Uma intensa troca de apelidos jocosos e acusações sobre o envolvimento com o crime organizado marcou o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo neste domingo, 1°. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado Guilherme Boulos (PSOL), o coach Pablo Marçal (PRTB), o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e a deputada Tabata Amaral (PSB) se enfrentaram na TV Gazeta, na capital paulista.
Já no primeiro bloco, o principal alvo dos candidatos foi Marçal. Todos pontuaram o suposto envolvimento de membros de seu partido com o Primeiro Comando da Capital (PCC), revelado pela imprensa, e mencionaram a condenação que ele sofreu em Goiânia por ter participado de uma quadrilha que fraudava o sistema bancário. A pena dele prescreveu.
No final do terceiro bloco, após um bate-boca, Datena chegou a deixar o púlpito e ir até Marçal, mas foi advertido pela produção. O coach rebateu as ofensas e perdeu o direito de resposta que teria em seguida. O debate foi interrompido diversas vezes pela mediadora Denise Pompeu de Toledo para pedir respeito entre os candidatos.
Nunes chamou Marçal algumas vezes de “Pablito”, e o coach rebateu chamando o prefeito de “Bananinha”. O candidato do PRTB chamou Boulos de “Boules” — em referência ao episódio do sábado passado, 24, quando, em um comício do psolista com o presidente Lula, trechos do hino nacional foram cantados em linguagem neutra — e Datena de “Quico”, personagem da série mexicana Chaves. Nunes chamou Boulos de “invasorzinho sem vergonha” e o deputado rebateu o chamando de “ladrãozinho de creche”.
Bolsonaro e privatizações
O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro entrou na pauta. Um dos jornalistas da Gazeta questionou se Nunes se sentia “traído” — apesar de ter o apoio formal do ex-presidente, o clã Bolsonaro fez um aceno de paz a Marçal e abriu caminho para que ele vá ao ato do 7 de setembro. O prefeito teceu um longo elogio à atuação do seu vice, o ex-chefe da Rota Ricardo de Mello Araújo, e disse, no final da sua fala, que “não existe desconforto nenhum”.
Seguindo uma linha já demonstrada na campanha, Boulos amenizou o tom para falar sobre privatizações. Questionado sobre a desestatização da Sabesp, o psolista disse que pretende reverter o processo, mas admitiu que “existem concessões que funcionam”. “Quando o serviço prestado na ponta é eficiente, se mantém”, disse o candidato.
Lógica das redes
Tabata e Boulos mimetizaram uma estratégia já explorada por Marçal de chamar os espectadores para irem às redes sociais ver complementos das suas falas. Atendendo a um pedido do PSB, a Justiça Eleitoral suspendeu as redes sociais do coach, pela suspeita de que haveria abuso de poder econômico no pagamento da veiculação de “cortes” de vídeos das suas aparições. No debate deste domingo, enquanto seus adversários falavam, Marçal fazia o simbólico do “M” e pedia votos, aproveitando o enfoque da câmera.
A entrada de jornalistas foi impedida pela organização. Como mostrou o portal Metrópoles, os marqueteiros de Nunes e Boulos condicionaram a participação dos dois à retirada de todos os profissionais de imprensa do auditório. A organização cedeu, contrariando o que fora previamente dito antes do debate.
Briga entre apoiadores
No final do debate, enquanto os candidatos concediam entrevista aos jornalistas, membros das campanhas de Datena e Marçal entraram em confronto e precisaram ser separados pelos presentes. Um dos envolvidos foi o vice de Datena, José Aníbal, presidente do diretório municipal do PSDB, e o advogado Marcos Vidal, tenente-coronel da Polícia Militar, que estava junto com os assessores da campanha do coach.