‘Zambelli tirou o mandato da gente’, diz Bolsonaro sobre derrota em 2022
Ex-presidente culpa aliada por perda de popularidade; STF forma maioria para condenar deputada por perseguir opositor empunhando arma em São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. Segundo o ex-mandatário, o episódio envolvendo a perseguição armada de um eleitor da oposição pela parlamentar, na véspera do segundo turno presidencial, gerou uma imagem negativa e impactou sua popularidade nas urnas.
“A Carla Zambelli tirou o mandato da gente”, afirmou Bolsonaro. A declaração foi dada na noite da última segunda-feira, 24, em entrevista ao podcast Inteligência Ltda, do qual o ex-presidente participou ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Na visão do ex-presidente, o vídeo de Zambelli ameaçando um civil com arma em punho transmitiu uma mensagem errada sobre sua política de ampliação do direito pessoal às armas de fogo. “Aquela imagem, da forma como foi usada, a Carla Zambelli perseguindo o cara… teve gente falando ‘olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto”, declarou.
Na sequência, Bolsonaro diz que as pesquisas mostravam vantagem de sua candidatura em São Paulo, reduto eleitoral de Zambelli. “São Paulo estava bem, né?”, pergunta a Tarcísio, que responde: “A gente estava com vinte pontos [de vantagem]”.
STF forma maioria para condenar Zambelli por porte ilegal de arma
Na manhã desta terça-feira, 25, o Supremo Tribunal Federal formou maioria para condenar Carla Zambelli a cinco anos e três meses de prisão por uso irregular de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. O julgamento ocorre no plenário virtual do STF e o voto de Minerva foi registrado pelo ministro Dias Toffoli, elevando o placar para seis a zero a favor da condenação.
A análise do processo começou na última sexta-feira, 21, e tinha prazo para acabar na próxima sexta, 28. Na manhã de ontem, quando o placar estava em quatro a zero pela condenação, o ministro Kassio Nunes Marques pediu vista, suspendendo o julgamento por até noventa dias. Minutos depois, o ministro Cristiano Zanin antecipou seu voto contra Zambelli, ato que foi seguido hoje por Toffoli.
No dia 28 de outubro de 2022, véspera do segundo turno da eleição presidencial, Zambelli sacou um revólver e perseguiu um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva pelas ruas de São Paulo — ela o seguiu até um bar e gritou para que ele se deitasse no chão. Segundo a defesa da deputada, não houve crime e ela teria sido provocada e empurrada pelo homem. O episódio resultou em uma ação penal movida pela Procuradoria-Geral da República.
No relatório sobre o caso, o ministro Gilmar Mendes aponta “elevado grau de reprobabilidade” da conduta de Zambelli e defende a prisão da deputada, a cassação de seu mandato, a anulação do seu direito a armas de fogo e uma indenização de 100 mil reais por danos morais ao homem perseguido pela deputada.
Além de Mendes, Toffoli e Zanin, votaram a favor da condenação os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia. Faltam os votos de Nunes Marques, André Mendonça, Luiz Fux, Edson Fachin e do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.