Enquanto Lula quer se descolar de derrotas, Bolsonaro busca protagonismo
Presidente e ex-presidente buscam nas eleições municipais rumos opostos para 2026
Lula foi o fiador do nome do deputado do PSOL, Guilherme Boulos, para disputar à prefeitura de São Paulo. Para isso, o PT abriu mão de lançar um candidato próprio para apoiar o ex-líder do MTST. Foi atrás de Marta Suplicy para a vice, a ex-prefeita que deixou o partido e saiu atirando após ser preterida na sigla.
Mas, a medida que a conquista da vitória do psolista foi se distanciando, o presidente também começou a tirar o pé, cancelou agendas e passou a se empenhar menos na candidatura, o que frustou a campanha. Em Porto Alegre, Lula nem deu às caras. Maria do Rosário segue bem atrás do seu adversário do MDB Sebastião Melo nas pesquisas de intenção de voto.
Dois pontos pesam nessa conta: evitar que derrotas caiam no colo do presidente e não criar inimigos desnecessários diante de uma base tão pulverizada e volúvel no Congresso com mais dois anos de governo pela frente.
O presidente, por outro lado, participou de campanhas no segundo turno onde os candidatos estão mais competitivos, como Fortaleza com Evandro Leitão, do PT, que briga pela prefeitura contra André Fernandes, do PL. Lula cumpriu agenda com o deputado estadual logo após os resultados do primeiro turno. Em Natal, onde a disputa é menos acirrada, mas com chances para a petista Natália Bonavides, uma das apostas do partido, o ex-presidente também marcou presença.
Na direita, um racha ficou evidente com a entrada de Pablo Marçal, do PRTB, na eleição em São Paulo. O ex-presidente Bolsonaro se viu dividido em apoiar alguém que representasse o próprio bolsonarismo ou o nome escolhido pelo PL, no caso, Ricardo Nunes. Por isso, passou uma mensagem dúbia para o eleitor. Assim como fez em Curitiba, declarando apoio à Cristina Graeml, enquanto seu partido está com Eduardo Pimentel, nome do atual governador Ratinho Jr, do PSD.
Com uma postura de direita ainda mais radical, Marçal escancarou essa situação que acabou passando a imagem de falta de comprometimento do ex-presidente. Até o pastor Silas Malafaia, fiel aliado do ex-capitão, o chamou de “covarde” pela falta de posicionamento claro.
Foi de “covarde” que o ex-presidente também chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos nomes da direita para 2026. Bolsonaro decidiu comprar uma briga na campanha de Fred Rodrigues, do PL, contra Sandro Mabel, do União.
O ex-presidente se sentiu ameaçado não pela esquerda que saiu mais desacreditada, e sim, pela direita que até aqui aparece fortalecida. Bolsonaro tem sido testado nessas eleições municipais no papel do inelegível acuado.