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Marcos Emílio Gomes

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A coluna trata de desigualdade, com destaque para casos em que as prioridades na defesa dos mais ricos e mais fortes acabam abrigadas na legislação, na prática dos tribunais e nas tradições culturais
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Com Biden, situação econômica brasileira continuará na mesma

A posse do novo presidente americano é um marco para a democracia nos EUA e um alívio para o mundo, mas há pouco além disso a comemorar no Brasil

Por Marcos Emílio Gomes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 mar 2021, 23h14 - Publicado em 13 jan 2021, 14h35
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  • A gestão de Joe Biden nos Estados Unidos, que se inicia no próximo dia 20, será tão proveitosa para o Brasil quanto faz parecer a animação vista aqui desde sua eleição?

    A resposta depende da perspectiva. Politicamente, como é positiva qualquer pressão sobre a tresloucada administração Bolsonaro, ela certamente é sim, principalmente no quesito de retaliações sobre a negligência e até estímulo à devastação na questão ambiental.

    Biden disporá de ferramentas capazes de inibir a sanha destruidora que anima Jair Bolsonaro, notadamente porque, diante da necessidade de se concentrar na tentativa de reeleição, o capitão precisará reduzir os riscos de represálias econômicas que podem encolher ainda mais os já magros resultados de sua gestão.

    Mas é justamente nesse aspecto, da economia, que as perspectivas do Brasil diante de um governo democrata nos EUA não encontram terreno firme para se sustentar.

    Trump, com seu “America first”, criou deformidades em seu país, em relação à economia mundial, que mudaram detalhes relevantes no cenário do comércio internacional. Uns poucos países aumentaram muito sua participação na exportação para os EUA – México e Vietnã destacadamente. Outros ocuparam o espaço de relacionamento comercial com a China, que continuou crescendo exponencialmente em alimentos e matérias primas – o Brasil, entre estes.

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    Agora, é certo que os americanos vão buscar uma posição diferente nas vendas para os chineses – fenômeno que, na mão inversa, já se acelerou em 2020, na primeira fase de um novo acordo comercial -, competindo com o Brasil em itens como soja, algodão, carne suína, frutas e até carne bovina de animais confinados.

    Para a China, a redução de sobretaxas sobre produtos americanos vai significar, claro, melhores preços nas suas importações. Ou, lendo-se na ordem inversa, redução nas gastos com as importações a partir do Brasil, graças à competição.

    De outra parte, a expectativa de uma maior abertura do mercado americano para produtos brasileiros é praticamente nenhuma. A vassalagem de Bolsonaro ao insano modelo conservador de Trump não deu resultado nesse aspecto e deixou o país, agora, em situação pior ainda.

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    O governo democrata nos Estados Unidos não teria nenhuma vantagem comprando mais do Brasil. Aliás, a vitória dos democratas não foi uma lavada e um dos pilares de resistência trumpista foi erguido exatamente nos bolsões siderúrgicos protegidos à base de sobretaxas. Biden terá, entre outras prioridades, a de agradar o eleitorado dessas regiões e convertê-lo, pelo menos em parte, até 2024.

    Assim, ainda que seja melhor ter novamente um democrata no governo do ainda mais poderoso país do planeta, nada mudará na crítica situação econômica brasileira em razão dessa mudança. Diante do caos já instalado, e do agravamento que se avizinha, as soluções terão de ser encontradas aqui mesmo.

    Nossos problemas de orçamento curto, déficit fiscal, excesso de subsídios, tributação injusta e outros, molas de um recorde de desigualdade, estarão todos do mesmo tamanho no dia 21.

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