
Declarações do deputado Eduardo Bolsonaro, licenciado da Câmara para se refugiar nos Estados Unidos alegando perseguição do Poder Judiciário, foram vistas como ameaça a Alexandre de Moraes por colegas de toga do ministro do Supremo Tribunal Federal.
No vídeo de 11 minutos e meio, o filho Zero Três de Jair Bolsonaro afirmou que a nova meta de vida dele será fazer o magistrado “pagar por toda crueldade” e que só retornará ao Brasil quando ele “estiver devidamente punido pelos seus crimes”.
“Alexandre, a minha meta de vida será fazer você pagar por toda a sua crueldade com pessoas inocentes. Estarei focado integralmente nesse objetivo. Só retornarei quando você estiver devidamente punido pelos seus crimes, pelo seu abuso de autoridade”, disse o parlamentar no vídeo.
Antes, o deputado havia dito que “se Alexandre de Moraes quer apreender o meu passaporte, ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos Estados Unidos, então é justamente aqui que eu vou ficar e trabalhar”.
Uma representação de parlamentares do PT pediu, no mês passado, a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro em meio a uma disputa por comissões na Câmara.
Os petistas defendem que o colega cometeu crime contra a soberania nacional ao apoiar projeto que tenta impedir Alexandre de Moraes de entrar nos Estados Unidos.
Pois bem.
A procuradoria-geral da República demorou a responder, Eduardo viu uma oportunidade e criou um factoide internacional para poder aparecer. Agora, somente depois do anúncio de que não voltaria para o Brasil, o Ministério Público Federal se pronunciou contra a medida, o que foi aceito prontamente por Moraes.
Tarde demais. A demora não apaga a ameaça, contudo. É grave a forma como a política no país se transformou em palco de violência nos últimas anos.