O aumento no preço dos combustíveis é um assunto tão impactante para os consumidores que gerou uma união raríssima: o governo Bolsonaro e o PT se colocaram do mesmo lado para tentar resolver a questão. E a união deu… resultados.
Na última semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para acelerar a votação de dois projetos que estão no Congresso e que têm como objetivo conter o aumento no preço dos combustíveis.
De um lado, Guedes representou o governo, que acumula rejeição e impopularidade e só tende a perder pontos com essas oscilações nos preços.
Do outro lado, o senador petista foi o relator das duas propostas que tentarão amenizar o problema: o Projeto de Lei Complementar (PLP) 11/20, que prevê a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) uma única vez sobre os combustíveis; e o Projeto de Lei (PL) 1.472/2021, que cria uma conta para financiar a estabilização dos preços.
O encontro funcionou e, na mesma semana, os dois projetos foram votados. O PLP foi votado na Câmara e no Senado e aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro. Já o PL 1.472 foi aprovado no Senado, mas ainda precisa ser votado na Câmara.
Os dois lados têm interesses no assunto, principalmente em ano eleitoral. A questão dos combustíveis é sensível e afeta diretamente o bolso do brasileiro. Além disso, caminhoneiros ameaçam fazer greve e não escondem a insatisfação com as alterações no preço do diesel.
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro precisa resolver a questão para tentar se fortalecer na disputa por uma reeleição, o PT tem total interesse no tema porque o ex-presidente Lula quer voltar ao poder e precisa que essa questão esteja encaminhada para facilitar um possível mandato à frente do país.
O projeto inicial que cria a Conta de Estabilização de Preços foi de iniciativa do senador petista Rogério Carvalho. O que o PT quer mostrar é que ele sabe como enfrentar um momento de crise que traz problemas para o orçamento das famílias e que não joga no “quanto pior, melhor”, como disse o senador Prates.
Muitos economistas torcem o nariz para a solução encontrada, e o PLP 11 pode provocar reação dos governadores, mas é, como disse, uma união improvável.