O ministro da Educação, Milton Ribeiro, está na berlinda e corre cada vez mais o risco de ser demitido por Jair Bolsonaro por fazer exatamente o que presidente pediu que ele fizesse. Demitido – leia-se – obrigado a pedir para sair do cargo.
A divulgação dos áudios nos quais Milton fala sobre o favorecimento de pastores na distribuição de verbas do MEC é mais uma prova de que o atual presidente mistura, de forma absurda, religião e governo.
Mesmo que o criticado do momento seja Milton Ribeiro, todos os caminhos levam a Bolsonaro. Tudo indica que essa “lambança” foi causada pelo presidente.
No início de março, durante reunião com líderes religiosos no Palácio da Alvorada, ele deixou claro que é influenciado pelos pastores.
“Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim desejarem”, disse o presidente de forma bastante clara sobre como funciona as engrenagens do seu governo.
Com o áudio do ministro revelado pela Folha, fica evidente que Bolsonaro não apenas destruiu a educação, nomeando péssimos líderes para a pasta, como aparelhou o MEC para atender aos seus interesses ideológicos e… alguns outros mais escusos.
Agora, Milton Ribeiro está com uma bomba nas mãos e continua tentando blindar o presidente. O ministro, que também é pastor, abre mão da “sua verdade” e deixa sua imagem ser manchada por causa de sua lealdade àquele que o chamou para o cargo.
A fidelidade é tão grande que gera incoerência. Em entrevista à CNN e à Jovem Pan, o ministro afirmou que levou denúncia à Controladoria-Geral da União (CGU) sobre uma suposta atuação indevida dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Mesmo assim, Milton Ribeiro se encontrou com esses mesmos pastores pelo menos cinco vezes após as denúncias, a pedido de quem? Jair Bolsonaro. Segundo ele, as reuniões continuaram acontecendo para que a dupla não suspeitasse de que estava sendo investigada.
O caso comprova que a mistura de religião e política sempre causa um impacto maior em escândalos de corrupção.
Milton Ribeiro está em uma situação difícil. Se for afastado do cargo, sairá em meio a um escândalo. Se não for demitido, ficará sangrando no cargo, como Bolsonaro já fez com outros integrantes de sua equipe.
É praticamente uma bomba relógio.