Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

A dimensão política na obra de Ziraldo

Em artigo enviado à coluna, o cientista político Rodrigo Vicente Silva mostra a faceta mais rebelde do escritor e cartunista…

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 12h35 - Publicado em 7 abr 2024, 17h49
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Preparado para tratar dos assuntos da semana, aqueles que mais esquentaram a política, mudei de rota porque não há assunto mais político do que a presença de Ziraldo nos seus 91 anos. Ele nos deixou, mas marcou sua presença por aqui de forma contundente e para além do menino maluquinho, claro.

    Se há uma lembrança vívida ao fim da minha infância, era o cartaz de Ziraldo na biblioteca da escola em que estudava. Era um menino maluquinho desenhado em papel kraft, assinado e dedicado à escola. Achava aquele canto mágico. Gostava de ir lá e imaginar que aquela figura havia passado por ali. Havia algo de grande naquele espaço. Imaginava-me “importante”, porque eu estudava em uma escola por onde Ziraldo havia passado.

    No fundo, eu tinha algum tipo de razão. O autor nascido em Caratinga, Minas Gerais, era, é e será sempre grande. Sua obra, sempre política, fez muitos questionarem a realidade e, mais do que isso, tornarem-se leitoras. “Mais do que estudar, ler é mais importante”. Ziraldo era sábio.

    Jó Descobri-o mais a fundo quando cursei a faculdade de Letras. Naquele momento, tínhamos noção da grandiosidade dele, mas talvez falássemos pouco sobre a dimensão política de Ziraldo. Os tempos, claro, eram outros. Se hoje o debate por uma literatura politicamente engajada e plural é algo presente, em meados dos anos 2000 não se falava muito sobre a partir dessa perspectiva. Mas já em 1969, ao escrever Flicts, o autor questionava tudo e todos ao fazer uma cor ganhar vida e questionar seu lugar, ou a falta dele.

    Aquelas palavras jamais me saíram da cabeça: “Não tinha a força do Vermelho, não tinha a imensidão do Amarelo, nem a paz que tem o Azul”. Tocava-me como algo genial. Era uma cor sem lugar, buscando sentido.
    Era preciso descobrir e afirmar-se para achar seu lugar. Talvez estivesse na lua o reconhecimento de Flicts. “The moon is Flicts” disse Neil Armstrong em visita ao Brasil. De fato era mesmo. Ziraldo entendia e desejava que houvesse espaço a todas as cores e jeitos.
    Nas tirinhas, fez sucesso com vários personagens e saiu em defesa dos debates do momento. Recordo-me de uma que era figura carimbada nos livros didáticos. Ao perguntar ao filho se a música preferida era o rock – assim como era a do pai – o maluquinho foi direto: “não, é rap”, para o susto do pai, claro. “Mas isso não é música de marginal?” ao que ele prontamente: “e o rock não era?”.

    Continua após a publicidade

    Na semana que lembramos os 60 anos do golpe de 1964 é impossível não lembrar de Ziraldo e, claro, do Pasquim, onde ele desafiou o regime com a mais brilhante de suas artes, a charge. Impossível não lembrar daquele homem escorado na parede com uma espada que o atravessava e que dizia: só doi quando eu rio. Era o retrato de um tempo duro, que Ziraldo combateu do seu jeito. Foi preso e perseguido, mas manteve-se, corajosamente, como um defensor da democracia e da liberdade de expressão. Ziraldo é eterno.

    * Rodrigo Vicente Silva é Mestre e Doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Graduado em História (PUC-PR) e aluno de Jornalismo (Cásper Líbero). Editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política é vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem)

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.