A convivência com Jair Bolsonaro está influenciando Arthur Lira. Não há outra explicação. Em entrevista ao Valor, o presidente da Câmara passou do ponto na brincadeira “é verdade ou mentira”, assim como o presidente da República faz, mas rotineiramente.
Perguntado se a Câmara vai aprovar a ampliação do acesso às armas já que Bolsonaro é obcecado pelo tema e o governo o definiu como prioridade, Arthur Lira respondeu: “O governo nunca me pediu para não pautar uma matéria e nunca exigiu que pautasse uma matéria”.
Pelo amor de Deus. Conversa fiada. Cascata.
Seria o primeiro caso de uma gestão em Brasília, de um governo federal – no mundo civilizado e democrático – no qual não há um pedido para o Congresso pautar uma matéria.
Vejam a foto acima, a que está em destaque na reportagem, e pensem comigo se Bolsonaro nunca pediu para o Arthur Lira pautar uma matéria.
Ou se o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, nunca pediu para o amigo de Centrão – ele mesmo, o presidente da Câmara – para pautar uma matéria.
Impossível.
Será que o presidente da Câmara, Arthur Lira, estava dizendo que nunca um líder do governo o procurou com um pedido de Bolsonaro para agilizar uma temática no Congresso?
Existem inúmeros exemplos para comprovar o contrário (como todos os pedidos de Paulo Guedes), mas apenas um será suficiente.
Quando Bolsonaro estrebuchava contra as urnas eletrônicas, as mesmas que o elegeram oito vezes, Lira colocou em pauta a PEC do voto impresso.
Isso sem falar em outras pautas que são caras à Bolsonaro e que Lira tem tocada passando por cima dos ritos e dos debates na área ambiental e climática.
Bem, caro leitor, vou finalizando esse artigo por aqui. Além da mentira, o presidente da Câmara continuou a responder sobre a liberação das armas, claro. A coluna reproduz abaixo o restante da fala, caso você tenha interesse no assunto armamento.
“Votamos os projetos dos CACs [caçadores e colecionadores] lá atrás, retiramos a parte do porte e mandamos para o Senado. Vamos ver o texto que volta. Temos que discutir com calma. Não tem compromisso de data”.
Pelo menos algo bom. Muito calma nessa hora, Arthur Lira.