Ciro Gomes, o candidato do PDT à presidência, luta para encontrar o tom em uma eleição que está sendo dominada, dentro da esquerda, pelo grande movimento anti-Bolsonaro, não sem razão.
Bolsonaro tem feito muito mal ao país desde o dia 1º de janeiro de 2019 e, diante da catástrofe gerada pelo atual governo, a tendência é sempre a de se apostar no mais viável nas pesquisas.
Por isso, Lula tem sido dominante, indo além do tradicional eleitorado petista.
Já Ciro Gomes tem minguado nas pesquisas, diminuindo de tamanho após o bom desempenho na eleição de 2018, quando terminou em terceiro, com 13 milhões de votos.
Hoje, Ciro aparece com apenas 4%, 5% nas pesquisas.
Neste fim de semana, Ciro estrebuchou mais uma vez, esculhambando Lula e Marcelo Freixo, candidato do petista ao governo do Rio de Janeiro.
Após se reunir com Eduardo Paes, do PSD, Ciro afirmou que “Freixo entrou no jogo de carreirismo de Lula”.
“O Lula apoiou Sérgio Cabral a vida inteira. O Freixo não tem nenhuma opinião sobre isso? Eu tenho”, alfinetou o candidato do PDT à presidência.
A leitura política é simples: Ciro quer evitar que o PSD, de Gilberto Kassab (e que tem Rodrigo Pacheco como candidato à presidência), também caia no colo do ex-presidente petista.
Lula já conseguiu unir o PT com o PSB, que deve ter Geraldo Alckmin como filiado para compor uma competitiva chapa presidencial, com o PCdoB e com o PV.
Agora, Lula busca o apoio do PSD, acenando com uma vaga ao Supremo Tribunal Federal para o partido, inclusive com a promessa de indicação do próprio Rodrigo Pacheco para a corte.
O petista ainda busca lançar Fernando Haddad para o governo de São Paulo, buscando o apoio do PSOL, de Guilherme Boulos, para juntar uma federação partidária ampla.
Na verdade, Lula quer uma candidatura de centro-esquerda, avançando até por votos da centro-direita para levar a eleição no primeiro turno.
Com isso, tem esmagado todos os candidatos da esquerda, incluindo Ciro, que busca ser uma terceira via, “nem Lula, nem Bolsonaro”, até agora sem sucesso.
Ciro tem sido minado pela polarização PT-Bolsonaro, a mesma que apagou a terceira via na campanha de 2018.