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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A nova estratégia de Bolsonaro é escancarada

Em entrevista à coluna, o cientista político Jairo Nicolau explica o porquê

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 out 2024, 20h50 - Publicado em 7 out 2024, 17h44
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  • Autor do livro “O Brasil dobrou à direita”, publicado em 2018 na esteira da vitória de Jair Bolsonaro, o cientista político Jairo Nicolau acredita que as eleições municipais de 2024 escancararam a nova estratégia política do líder da extrema-direita.

    Mesmo com as derrotas em seu berço político, o Rio de Janeiro, e em São Paulo, onde portou-se como uma biruta de aeroporto, o ex-presidente trilha uma outra forma de fazer política após se aliançar com Valdemar Costa Neto.

    “O que eu tô chamando a atenção é que a gente tem agora uma força política de direita com um líder popular. Todo mundo dizia que Bolsonaro era um líder populista sem um partido político, mas agora o Bolsonaro é um líder popular populista, como queira chamar, e tem um partido cada vez mais organizado”, afirmou à coluna.

    Jair Nicolau afirmou isso ao analisar os números do PL, décima legenda que acolheu o ex-presidente, após sua interminável lista de infidelidade partidária. “O PL se organizou muito para essa eleição, lançou candidatos competitivos em muitas cidades. Dá pra perceber uma onda azul, azul escuro, para distinguir da onda do PSDB”, disse.

    O PL foi o partido que mais recebeu votos em 2024 – foram 15,7 milhões de eleitores. A legenda deu um salto de 236%, se comparado com os 4,7 milhões de votos recebidos em 2020. O PL não foi o campeão da eleição, papel do PSD, mas saltou de 349 para 509, um aumento de 50%, também se comparada com quatro anos atrás.

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    “Quando eu disse que o Brasil dobrou direita, o Brasil dobrou à direita sobretudo nesses centros urbanos que também deram vitórias aos candidatos a deputado naquele momento do PSL [antigo partido de Bolsonaro]. Ele nunca investiu na construção partidária. Bolsonaro sempre foi um político muito solto, muito individualista, por isso trocava muito de legenda. Mas de dois anos pra cá, ele resolveu investir na organização do PL”, lembra Jair Nicolau.

    O cientista político já esboça um efeito colateral desse crescimento do PL. “Vamos lembrar que a maior bancada da Câmara é do PL. Eles têm o maior pedaço do fundo partidário, tiveram o maior montante do fundo eleitoral. E devem vir com muita força para 2026 no Congresso porque o partido passa a ser, ainda mais, um pólo de atração”, diz.

    Enquanto os partidos de centro saíram na frente nas eleições deste ano, com PSD, PP, MDB e União Brasil, a direita, mesmo atrás, tem motivos para comemorar, assim como Jair Bolsonaro que, cada vez mais, organiza o movimento político com seu nome no Brasil.

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