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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A prova de que Lira aderiu de vez ao bolsonarismo

Como o presidente da Câmara virou irmão siamês de Bolsonaro

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 set 2021, 10h27

Em viagem com o presidente Jair Bolsonaro para Alagoas, Arthur Lira aderiu de vez ao bolsonarismo e acusou os governadores de serem responsáveis pela alta dos preços dos combustíveis.

O presidente da Câmara chegou a dizer que os governadores deveriam dar “sua cota de sacrifício” para diminuir o preço final das gasolina e do diesel.

“Sabe o que é que faz o combustível ficar caro? São os impostos estaduais. Os governadores têm que se sensibilizar e o Congresso Nacional vai debater um projeto que trata do imposto do ICMS para que ele tenha um valor fixo. Não é justo que o mais humilde pague as contas para manter a arrecadação crescente”, afirmou Arthur Lira de Bolsonaro Zero Cinco.

É a política como ela é. Ao fazer esse movimento, o presidente da Câmara fez sua maior aproximação ao presidente da República – virou, na verdade, um irmão siamês de Bolsonaro. Eles se juntam em uma briga que o presidente sempre gostou de ter, com os estados.

Basta lembrar. A cada momento era um ataque novo. Bolsonaro brigou com os estados por causa da pandemia, dizendo que era deles a culpa da crise econômica. Depois, disse que a inflação era também culpa dos estados que queriam manter as pessoas em casa. Agora, ele joga pra cima dos estados (de novo) a culpa pelo aumento da gasolina.

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Ou seja, Bolsonaro sempre empurra o que é impopular aos governadores.

A novidade é o Arthur Lira aceitar fazer esse papel político. Mas por que ele aceitou fazer esse papel? Algumas respostas.  Lira está em Alagoas, seu estado, no qual ele briga com Renan Calheiros, relator da CPI da Covid-19, que tem emparedado o governo federal de forma impressionante. No evento em Alagoas, inclusive, apoiadores de Bolsonaro faziam coro contra Renan. Isso ajuda também Bolsonaro para tentar se livrar das revelações da CPI de relatoria de Renan.

Ou seja, Bolsonaro ajuda Lira contra Renan, que também é seu inimigo, Lira dá aquela força ao presidente ao culpar os governadores por todos os problemas do país, isentando quem? O governo federal.

Este é o nível de parceria dos dois. Mais do que fechar a gaveta do Impeachment, como escrevi aqui nesta semana, Lira assumiu uma das estratégias políticas mais baixas de Bolsonaro – a de tentar se desvencilhar do ônus de governar jogando tudo que é impopular no colo dos outros  – no caso, agora, o alto preço dos combustíveis.

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