Os altos índices de ações trabalhistas têm gerado preocupação tanto no meio jurídico quanto em setores econômicos, como o de infraestrutura. Esse cenário pode influenciar futuras privatizações, pois os acionistas acabariam sendo responsabilizados por custos referentes a débitos ou indenizações acumuladas durante o período em que as empresas eram administradas pelo Estado.
Um dos casos emblemáticos é o da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), a primeira companhia de saneamento privatizada após o Novo Marco Legal do Saneamento Básico. A empresa gaúcha gastou, nos últimos anos, diariamente, média de R$ 1,3 milhão em indenizações a funcionários e ex-funcionários. Somente no último ano, foram cerca de 5 mil novos processos.
Chama a atenção o valor que a empresa tem destinado para provisionar litígios trabalhistas, chegando a R$ 157 mil por funcionário, enquanto a média das outras empresas do setor é de R$ 45 mil. Em comparação com a Sabesp, maior companhia de saneamento do Brasil, a Corsan provisiona três vezes mais; em relação à Sanepar, esse valor é duas vezes maior; e, em relação à Copasa, o valor chega a ser 38 vezes superior. Os dados são do levantamento da professora do Insper, Luciana Yeung.