Aras e Nicolao Dino batem boca sobre Lava Jato no Conselho do MPF
Sessão extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público Federal começa com discussão sobre a força-tarefa
A sessão extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público Federal iniciou, nesta sexta-feira, 31, com um bate-boca entre o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o subprocurador-geral da República Nicolao Dino. A discussão foi motivada pelos ataques recentes de Aras contra o trabalho de forças-tarefas, especialmente o da Operação Lava Jato:
Nicolao Dino – Serei muito breve […] senhor procurador-geral da República. Falo não apenas em meu nome, mas também dos conselheiros Nívio de Freitas Silva Filho, José Adonis Callou de Sá e também da conselheira Luiza Cristina Frischeisein. Senhor presidente… Vossa Excelência, com o peso da autoridade do cargo que exerce, e evocando o pretexto de corrigir rumos ante os supostos desvios das forças-tarefas fez graves afirmações em relação ao funcionamento do Ministério Público Federal em debate com advogados…
Augusto Aras – Conselheiro Nicolao Dino, essa sessão é para o orçamento. Solicito a Vossa Excelência que reserve suas manifestações pessoais e de seus colegas, meus colegas, para após a sessão…
Nicolao Dino – O regimento interno me faculta o uso da palavra no início da sessão…
Augusto Aras – Após a sessão do orçamento, Vossa Excelência terá a palavra e eu irei replicar os pretextos de vossa excelência e o farei com a documentação que disponho em mãos para acabar com qualquer dúvida a cerca dos fatos.
Nicolao Dino – Terei o maior prazer de ouvir Vossa Excelência como sempre tive ao debater com Vossa Excelência…
Augusto Aras – Não aceitarei ato político numa sessão de orçamento…
Nicolao Dino – Isso não é ato político, isso é uma manifestação…
Nesta semana, o procurador-geral da República criticou fortemente a Lava Jato, afirmando que a força-tarefa de Curitiba funciona como uma “caixa de segredos”. Aras afirmou ainda que a Lava Jato tem 350 terabytes em informações, contra 40 terabytes de todo o MPF, e disse que sua gestão quer dar “transparência” a esses dados.
O procurador-geral não permitiu que Dino terminasse o seu pronunciamento, mas promete deixar o subprocurador, um dos mais experientes e respeitados investigadores do MPF, completar o raciocínio ao final da sessão, que ainda está em andamento. É esperar para ver.