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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Barroso enfrenta temas delicados que dividem o Brasil

Presidente do STF não fugiu de temas espinhosos no Brazil Economic Forum organizado por VEJA e Lide, incluindo a política de combate às drogas

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 16h46 - Publicado em 19 jan 2024, 08h00

Ao subir no palco do Brazil Economic Forum organizado por VEJA e Lide, na Suíça, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, não fugiu dos principais assuntos que elevaram a tensão entre a Corte e o Senado no ano passado — jogando o Brasil à beira de outra crise institucional.

Pelo contrário.

Sobre a política nacional de combate às drogas, o ministro resolveu elevar o sarrafo da discussão, condenando a forma encontrada até hoje pelo Estado brasileiro de lidar com o tema. “É um desastre a política de drogas no Brasil, nós estamos perdendo a guerra”. 

A declaração era um preâmbulo para o magistrado fazer uma provocação aos dois lados da polarização brasileira, sejam progressistas, que urgem pela legalização das drogas, sejam os conservadores, que clamam por mais repressão policial e da Justiça.

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“Nós temos que ser capazes de discutir uma política de drogas sem preconceito, sem posições pré-assumidas. Seja quem defende mais repressão, seja quem defende a legalização, temos que reconhecer que o que estamos fazendo não está funcionando e está aumentando o poder do tráfico sobre as comunidades pobres”, completou Luís Roberto Barroso. 

O presidente do STF sabe que sua antiga colega de toga (e amiga) Rosa Weber levou as bancadas direitistas na Câmara e no Senado à revolta, quando pautou em 2023 a distinção entre o usuário e o traficante de maconha na Corte, julgamento que deve ser retomado neste ano.

Com ampla maioria pela descriminalização (o placar está em 5 a 1), a ideia é comemorada pelos progressistas, que tem uma visão de que o usuário não pode ser considerado criminoso, tese que ganhou força em diversos países do ocidente nas últimas décadas, inclusive na América Latina. 

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Em contrapartida, os conservadores, que se organizaram mais politicamente no Brasil nos últimos anos, veem a descriminalização como sinônimo de legalização — o que, na visão deles, facilita o acesso às drogas para a população mais jovem.

“A política de drogas do Brasil é prender menino pobre com pequena quantidade de droga, o que não serve para nada no combate”, disse Barroso também no Brazil Economic Forum.

As declarações têm potencial para sacudir Brasília nas próximas semanas, quando o Congresso e o próprio Supremo voltam do recesso — e os parlamentares chegam à capital carregando toneladas de pedidos de suas bases eleitorais nos estados.

P.S. – Luís Roberto Barroso também comentou tema que tem rachado os dois lados do espectro político brasileiro, a legalização do aborto. O presidente do STF sinalizou aos conservadores em sua fala, quando afirmou que “ninguém é a favor do aborto”, mas não deixou de dizer que “parece ruim é criminalizar [a questão], porque impede a discussão à luz do dia”.

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