O que têm em comum o grande professor Darcy Ribeiro, o magnífico religioso Dom Helder Câmara, e o ícone do liberalismo e avô do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos? Todos eles e outras figuras da nacionalidade brasileira foram “desomenageadas” por Jair Bolsonaro. O presidente, mostrando que continua não tendo o que fazer – apesar dos muitos problemas brasileiros -, revogou 25 decretos de luto oficial.
O ato é inútil porque o efeito de cada luto oficial extingue-se naturalmente ao fim do seu período, em geral três dias. Revogar o que já teve o efeito extinto é uma boçalidade. Por outro lado, ele quer revogar o tempo e decidir sobre o que aconteceu nos governos Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula.
O mais importante é que ser “desomenageado” por Bolsonaro é uma honra. Na lista tem ainda o Frei Damião, venerado por católicos nordestinos, e que está em processo de beatificação no Vaticano.
Ele revogou decretos de luto coletivo pelos desastres aéreos do voo 1907 da Gol e do voo 3054 da TAM. É uma lista sem critérios. Ele tirou Miguel Arraes, mas deixou Leonel Brizola. Tirou políticos que militaram contra a ditadura, como Franco Montoro, mas também os que a apoiaram como Antonio Carlos Magalhães.
O mais estranho dos afetados pela revogação do luto oficial foi Roberto Campos. Foi ministro da ditadura e depois se transformou em um grande defensor da causa liberal e é tomado como exemplo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Pior, vem a ser o avô do presidente do Banco Central que carrega seu nome.
Com a palavra o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O que será que ele acha desse ato do presidente?