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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Bolsonaro ofende avô do presidente do Banco Central 

O ato do presidente de revogar lutos oficiais passados é inútil e tem efeito oposto ao que ele pretendeu

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jan 2022, 10h21
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  • O que têm em comum o grande professor Darcy Ribeiro, o magnífico religioso Dom Helder Câmara, e o ícone do liberalismo e avô do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos? Todos eles e outras figuras da nacionalidade brasileira foram “desomenageadas” por Jair Bolsonaro. O presidente, mostrando que continua não tendo o que fazer – apesar dos muitos problemas brasileiros -, revogou 25 decretos de luto oficial.

    O ato é inútil porque o efeito de cada luto oficial extingue-se naturalmente ao fim do seu período, em geral três dias. Revogar o que já teve o efeito extinto é uma boçalidade. Por outro lado, ele quer revogar o tempo e decidir sobre o que aconteceu nos governos Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula.

    O mais importante é que ser “desomenageado” por Bolsonaro é uma honra. Na lista tem ainda o Frei Damião, venerado por católicos nordestinos, e que está em processo de beatificação no Vaticano.

    Ele revogou decretos de luto coletivo pelos desastres aéreos do voo 1907 da Gol e do voo 3054 da TAM. É uma lista sem critérios. Ele tirou Miguel Arraes, mas deixou Leonel Brizola. Tirou políticos que militaram contra a ditadura, como Franco Montoro, mas também os que a apoiaram como Antonio Carlos Magalhães.

    O mais estranho dos afetados pela revogação do luto oficial foi Roberto Campos. Foi ministro da ditadura e depois se transformou em um grande defensor da causa liberal e é tomado como exemplo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Pior, vem a ser o avô do presidente do Banco Central que carrega seu nome.

    Com a palavra o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O que será que ele acha desse ato do presidente?

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