
A nova pesquisa Genial/Quaest mostra que a maioria dos brasileiros não comprou a versão de Jair Bolsonaro sobre ser vítima de perseguição. Para 55% dos entrevistados, a prisão domiciliar do ex-presidente é justa. Mais da metade (52%) acredita que ele participou de um plano golpista e 57% concordam que Bolsonaro provocou Alexandre de Moraes ao aparecer em chamada de vídeo organizada por seus apoiadores.
“Os dados mostram que a sociedade não comprou a narrativa de perseguição contra Jair Bolsonaro”, escreveu Felipe Nunes, diretor da Quaest, em postagem no X.
Não é irrelevante lembrar que, em 2016, o Dicionário Oxford elegeu pós-verdade como a palavra do ano. O termo, popularizado durante o Brexit e a eleição de Donald Trump, descreve circunstâncias em que fatos objetivos influenciam menos a opinião pública do que apelos emocionais ou crenças pessoais. Foi a consagração de um tempo em que fake news e manipulação política passaram a pautar a democracia.
O que as pesquisas agora revelam é justamente o contrário: diante de provas robustas e de um processo incontestável, a verdade começa a vencer a “pós-verdade”.
Como mostrou a coluna após entrevista com o cientista político Felipe Nunes, a queda da inflação dos alimentos foi decisiva para a recuperação da imagem de Lula, mais até do que o chamado “tarifaço”.
E, como revelou a coluna Maquiavel, mesmo com alta rejeição, Lula se mantém no topo das pesquisas para 2026, favorecido justamente pela fragilidade política de Bolsonaro.
Não se trata apenas de um processo criminal robusto contra o ex-presidente. O que as pesquisas demonstram é que Bolsonaro já perdeu a batalha que mais lhe importava, a da narrativa junto à maioria dos brasileiros.
Feliz o país que a maioria acredita que houve tentativa de golpe em um processo com tantas provas. Talvez seja o início do fim da cultura golpista que impera no Brasil desde a fundação da República.