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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Cadeiradas na política

Para quem acha que o outsider pode melhorar o nível da política, Marçal e Datena a pioraram ainda mais…

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 set 2024, 16h10 - Publicado em 16 set 2024, 16h05
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  • O outsider na política não é necessariamente ruim. Ele pode ser aquela peça que desafia o sistema e o faz se repensar e melhorar. Não é o que tem acontecido no Brasil, nos últimos tempos.

    Primeiro porque quem se diz “contra o sistema” faz parte dele, da pior forma. São casos de falsos outsiders. Mas houve algo ainda pior do que isso nas últimas eleições no Brasil, principalmente nesta em que se chegou ao cúmulo de uma cadeirada ao vivo de um candidato no outro.

    Os debates têm sido usado por candidatos que não estão interessados em discutir propostas, ou políticas públicas, mas em usar as redes sociais da pior forma. Não é o uso para se aproximar do eleitor, mas para tentar fazer um espetáculo à parte, para construir mentiras, para gerar cortes que dêem postagens de lacrações.  Nada disso tem a ver com a democracia.

    Aliás, que se diga, faz parte da democracia, durante as eleições, o debate e o embate acirrado de ideias. É mesmo o que precisa ser feito nesses momentos, porque uma eleição é sempre uma oportunidade de encontrar soluções para os muitos problemas que afligem o eleitorado.

    Mas acertar o oponente com uma cadeira, mesmo que ele esteja mentindo descaradamente, não pode. Nunca. A cena de José Luiz Datena acertando Pablo Marçal é a prova de que a crise da democracia brasileira continua. Na verdade, se aprofunda.

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    Por outro lado, Pablo Marçal desde o início desta eleição tem usado o xingamento, o achincalhe, a mentira, a ofensa e a calúnia como arsenais para “acontecer”. É mais ou menos como se ele tivesse chegado dizendo “como  eu faço para atrapalhar o debate democrático?” Ele mesmo tem respondido… “ofendo, minto, faço corte, boto na rede” social em um movimento que tem por pressuposto a mentira pela fake news e a manipulação do eleitor.

    Marçal usa todos os elementos, inclusive a religião, manipulando o que está no ideário do do eleitor.

    José Luiz Datena acrescentou a isso o destempero e a violência. Se a cadeira acertasse em cheio, o ex-coach poderia ter se ferido  gravemente.

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    O jornalista chegou na eleição achando que, pelo fato de ser um bom comunicador, conseguiria dominar o processo. Acabou sendo dominado por ele – inclusive por essa deterioração do debate político dos últimos anos.

    É difícil até explicar para os mais jovens, com quem você está construindo valores democráticos, cenas como a de Datena e Marçal. Digo isso pelos meus filhos mesmo e pelo que tive de fazer nesta segunda, 16.

    Se uma jovem eleitora e um futuro eleitor, como são meus filhos, acharem que isso é normal, a derrota será da democracia.

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    E a isso se soma outra falha. Há um papel que não está sendo cumprido da forma necessária pela Justiça Eleitoral.

    É preciso que ela seja mais rápida para neutralizar elementos que perturbam o processo e que cometem crimes eleitorais – punidos muito tardiamente. E como eleição tem prazo, quando a Justiça tarda, ela falha.

    A Justiça eleitoral no Brasil é muito poderosa. É o xerife das eleições. Pois que determine que cenas como esta não podem acontecer jamais, sob pena de os candidatos serem colocados fora da urna. E que métodos como os de Marçal também não podem prevalecer.

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