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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Depoimento-bomba de hacker explode no colo de Jair Bolsonaro

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 22h44 - Publicado em 17 ago 2023, 13h58
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  • As alegações do hacker Walter Delgatti Neto na CPI do 8 de Janeiro colocam Jair Bolsonaro numa situação ainda mais delicada. Notório invasor de sistemas eletrônicos para surrupiar informações privadas, Delgatti afirmou que o ex-presidente cometeu crimes em série, liderando uma conspiração contra a democracia brasileira.

    É o mais forte depoimento dado à CPI dos atos golpistas. O hacker implica diretamente não só o líder da extrema direita como o marqueteiro do ex-presidente, Duda Lima, a deputada Carla Zambelli e a cúpula das Forças Armadas, dando detalhes sobre as circunstâncias em que os crimes teriam acontecido.

    A coluna já havia alertado, no dia 4 de agosto, que não é o comportamento do hacker que choca (já se sabe que ele comete crimes), mas como os poderosos – incluindo o ex-presidente – teriam se portado. O momento mais delicado do depoimento aconteceu quando o deputado Pastor Henrique Vieira pediu a palavra. Leia abaixo a sequência de perguntas e respostas:

    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem pediu para o senhor tentar fraudar esse sistema?

    – Hacker Walter Delgatti Neto: Carla Zambelli, por ordem do ex-presidente Bolsonaro.

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    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem pediu para o senhor assumir a autoria de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes?

    – Hacker Walter Delgatti Neto: O presidente Bolsonaro.

    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem te convidou para fazer propaganda eleitoral para sugerir ao povo uma suposta fraude no sistema eleitoral?

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    – Hacker Walter Delgatti Neto: O marqueteiro Duda e também o presidente Bolsonaro.

    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem te encaminhou ao Ministério da Defesa para elaborar questionamentos ao TSE sobre o sistema de votação?

    – Hacker Walter Delgatti Neto: O então presidente Jair Bolsonaro.

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    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem te disse que se o senhor cometesse um ilícito seria perdoado e receberia um indulto?

    – Hacker Walter Delgatti Neto: O então presidente Bolsonaro.

    – Deputado Pastor Henrique Vieira: Quem te deu carta branca para até mesmo na ilegalidade?

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    – Hacker Walter Delgatti Neto: O então presidente Bolsonaro.

    O país já viveu outros momentos como o dia de hoje. Em 11 de agosto de 2005, o marqueteiro Duda Mendonça foi responsável por um dos momentos mais delicados do escândalo do mensalão: em depoimento à CPI dos Correios, ele admitiu ter recebido cerca de R$ 10,5 milhões de reais no exterior, como pagamento pela sua participação na campanha que elegeu o presidente Lula, em 2002. O petista foi à televisão para um pronunciamento em que admitiu os “erros” do partido e do seu governo, pedindo desculpas ao país. 

    No caso de Bolsonaro, a situação se soma a outras denúncias que, como mostrou a coluna, fecham o cerco contra o ex-presidente da República. A situação do político, já inelegível, vê a face criminal contra ele piorar, porque tudo se conecta nele, seja no caso das joias, seja no uso da Polícia Rodoviária Federal para tentar interferir no resultado das eleições.

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    Jair Bolsonaro sempre atacou a funcionalidade das urnas eletrônicas brasileiras. Mas a pergunta que ficará, se comprovado o teor do depoimento de hoje é: quem não presta, elas ou o ex-presidente?

    PS – É sempre importante lembrar que a trama envolvendo o hacker já havia, inclusive, sido revelada em reportagens de VEJA há um ano. Aliás, ele disse que uma parte do plano – a de dar uma entrevista a um órgão de imprensa – e soltar uma afirmação de que a urna eletrônica era vulnerável só não foi adiante justamente porque a revista relevou que ele se reuniu com Bolsonaro.

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