A transição entre o governo Bolsonaro e a equipe de Lula começou nesta quinta, 3, e o sentimento, ao menos entre integrantes dos dois lados ouvidos pela coluna, é de que será tumultuada e difícil.
Na equipe do presidente eleito, a maioria – há quem diga que não quer se precipitar – está preparada para encontrar um governo bagunçado e com ministérios que caminhavam quase que independentes, cada um para um lado.
A escolha de Alckmin para coordenar a transição também tem sido vista de forma muito positiva pela equipe. Para aliados de Lula, o vice-presidente eleito tem as habilidades necessárias para desarmar as bombas e a resistência que o atual governo deve oferecer. Nas palavras de um assessor importante, a imagem política dele gera isso imediatamente.
Além de Alckmin, a participação de perto do Tribunal de Contas da União (TCU) é vista como um ativo importante, mas que mostra também o tamanho da preocupação de assessores do PT em relação ao que pode acontecer nesses últimos dias do governo Bolsonaro.
A ideia é ficar de olho nos estragos que o governo pode fazer nos últimos dias no poder. Ou seja, fiscalizar na fonte o processo de mudança para desarmar bombas em 2023,
O contato da coluna com integrantes do núcleo mais importante do governo Bolsonaro mostra um cenário delicado, indicando que essa deve ser a transição mais difícil desde a redemocratização.
Resumidamente, mesmo que o primeiro capítulo de hoje tenha sido positivo, aquela cena harmoniosa vista na transição de governos anteriores – como o de FHC para o próprio Lula – não deve acontecer. A gestão de Bolsonaro inovou no autoritarismo, no radicalismo e deve inovar também na forma de sair do poder.
O que protege o país é o fato de o governo Fernando Henrique ter aprovado uma lei da transição, um marco legal, que tem inclusive punição para o servidor ou a autoridade que sonegar informações.